Incomodado com a abordagem feita pelos guardas municipais e administradores do Jardim Botânico a um grupo que praticava Ioga neste sábado (21) no mais conhecido cartão postal da cidade, o prefeito Rafael Greca determinou neste domingo que se encontre um novo local para a prática. Em nota publicada no site da prefeitura, ele convocou a secretaria municipal do meio ambiente, Marilza Dias, e o secretário de Defesa Social, Guilherme Rangel, para que se reúnam com os responsáveis pelo projeto Yoga no Parque.

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O prefeito desaprovou a ação que impediu o grupo de realizar a atividade no espaço. De acordo com o prefeito, a ioga é uma atividade saudável para o corpo e a mente, que deve encontrar espaço em todos os parques e praças de Curitiba. “Os parques e praças foram feitos para os curitibanos amararem como seus próprios jardins”, diz.

O polêmica

Um grupo que se reúne há mais de quatro anos para praticar ioga no Jardim Botânico, em Curitiba, foi proibido de fazer as aulas programadas para a manhã deste sábado (21). Eles saíram do espaço escoltados pela Guarda Municipal – acionada pela administração do Jardim Botânico sob a alegação de que os praticantes estavam prejudicando o gramado do parque. Exatamente no local onde o grupo se reúne, uma tenda está sendo montada para receber um concerto público neste domingo (22).

Segundo os organizadores, a confusão começou pouco das 9h. Ao ver que o ponto de encontro estava ocupado pela montagem da estrutura do evento deste domingo, uma das professoras decidiu seguir com a turma de cerca de 100 pessoas para um local próximo. No entanto, ela foi abordada pela administradora do Jardim Botânico que impediu que eles continuassem a aula no espaço.

“Nem os guardas entenderam o que estava acontecendo”

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“Quando a professora chegou, já estava rolando um estresse. Então eles decidiram ir um pouco mais para cima porque acontece bastante de a gente chegar ali e ter um ou outro evento. Mas nisso apareceu essa mulher, que é da administração, dizendo que a gente não poderia mais fazer aula ali. E já foi chamando a Guarda [Municipal]. Quando os guardas chegaram, nem eles entenderam o que estava acontecendo”, relata Silvio Lopes, responsável pela implantação do projeto que oferece aulas gratuitas de ioga desde 2014 no Jardim Botânico.

De acordo com Lopes, a administração do parque afirmou que já tinha tentado entrar em contato com o grupo para avisá-los da proibição, mas os organizadores contestam ter recebido qualquer advertência ou alerta por parte da prefeitura – até mesmo sobre qualquer estrago que eventualmente o grupo estivesse provocando. “Sempre temos o maior cuidado com tudo ali. Inclusive, quando as aulas acabam, um professor sempre fica por último para ver se ficou tudo certo”, afirma Lopes.

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Lei municipal de 2015 estabelece diversas regras para o uso do espaço. A lista, que não é pequena, veta atividades como andar de bicicleta, patins ou patinetes, jogar futebol e até mesmo passear com cachorros, por exemplo. O documento também estipula as medidas punitivas para quem descumprir as normas, que vão de abordagem verbal à aplicação de multas, cujo valor varia de acordo com o ato praticado.

Em nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) reafirmou que o Jardim Botânico não é um parque, mas, sim, um jardim e que o Yoga no Parque não tem permissão para realizar a atividade na área onde sempre estão “por ser um local com plantas raras, ameaçadas de extinção”. A prefeitura informou, também, que o evento de domingo (22) tem permissão formal para ser realizado e está montado em uma área do jardim que permite esta ocupação.

Prefeitura diz que velódromo foi oferecido para os praticantes de ioga

Ainda segundo a prefeitura, foi oferecido à organização dos praticantes de ioga a possibilidade de realizar a atividade no Velódromo, que fica anexo ao Jardim Botânico. No ano passado, o espaço ganhou cara nova depois de a Gazeta do Povo apontar uma série de problemas que incomodava a comunidade, entre eles o consumo de drogas e a falta de manutenção. Segundo a prefeitura, os organizadores do Yoga no Parque podem entrar em contato com a Secretaria do Meio Ambiente, solicitando a realização da atividade, que será indicado local adequado para que aconteça.

Contudo, as irregularidades do terreno e outros problemas constatados não agradaram os praticantes da ioga. “Ali tem muita gente que passeia com cachorro, então tem cheiro muito forte de xixi. Além disso, o terreno é todo irregular. Sem contar que na hora da aula tinha um grupo de maracatu tocando lá”, disse Lopes. “Não vamos abrir mão. A gente entende que pode ocupar espaços públicos até porque o que fazemos é gratuito, um projeto que reúne muita gente e que não tem nada de comercial.”