Turismo no Litoral

“Praga” rogada por secretária da saúde funcionou e chuva no litoral afasta turistas

Foto: Lineu Filho

O feriado da Independência tem sido diferente no Litoral do Paraná. Muita gente desceu a Serra do Mar, intensificando o movimento nas estradas e nas cidades litorâneas de Matinhos e Guaratuba. Segundo a Ecovia, concessionária que administra a BR-277, 43 mil veículos passaram pela rodovia entre a sexta-feira (5) e o sábado (6).

Mas, diferente de anos anteriores, por causa do coronavírus (covid-19) o feriadão de 7 de Setembro deve ser de descanso dentro das casas das famílias. Na sexta-feira, véspera do feriadão, a secretaria da saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, dizia torcer por chuva e frio no feriado para inibir as pessoas a se aglomerarem. Parece que deu certo.

Neste domingo (6), por exemplo, véspera do feriado, não eram muitas as pessoas que foram até a beira-mar de Matinhos e, a maioria delas, estava apenas de passagem, sem ficar marcando ponto na praia. A reportagem da Tribuna do Paraná esteve no litoral com dois repórteres e testemunhou a areia praticamente vazia.

+ Veja também: Tempo firme atrai turistas e Estrada da Graciosa registra movimento e fila de carros

No calçadão, o movimento era de pessoas caminhando, correndo ou andando de pedalinho, mas o local estava longe de registrar a grande movimentação que normalmente ocorre em um feriado como esse. O tempo não ajudou (ou ajudou?) e esteve nublado pela manhã e à tarde, mas não foi o único responsável pelo comportamento. 

Por decreto, desde o dia 1.º de setembro até o dia 15, a prefeitura da cidade liberou o acesso com restrições ao calçadão e à areia – sem poder usar cadeiras, guarda-sol ou levar caixa térmica. Segundo a prefeitura, as medidas foram tomadas para que o município pudesse receber os turistas e moradores sazonais sem provocar aglomerações. No decreto, Matinhos também ampliou horários de funcionamento do comércio e dos restaurantes para movimentar a economia.

“Talvez não seja o melhor momento para isso, a pandemia ainda está aí, mas a cidade também precisa equilibrar as medidas de proteção da saúde com a economia. Muitos comerciantes dependem do movimento dos turistas e todos são bem-vindos. Mas vale ressaltar que os que vieram devem seguir as orientações sanitárias, como o uso obrigatório de máscara”, informou Douglas Gerasom, da área de comunicação da prefeitura .

Ao contrário da beira-mar, no Centro, nas proximidades do calçadão central da cidade, havia bem mais gente. Por volta de 13h30, em uma loja de produtos variados, havia fila se formando do lado de fora. Eram pessoas que decidiram sair de casa por algumas horas e fazer compras, mas que logo retornariam para suas residências, evitando de ir à praia. “Estamos preferindo ficar em casa, descansando. É um feriado diferente. Não dá para a aproveitar o mar, saímos um pouco de casa para umas compras, mas já vamos voltar”, disse o turista Marcelo Gomes, de Curitiba.

+ Leia também: Aglomeração e desrespeito marcam o fim de semana em parques estaduais na região de Curitiba

Mais uma caminhada pelo Centro e era possível ver que havia bem mais gente nessa área de Matinhos do que no mar. Se o objetivo da prefeitura era ajudar o comércio, foi possível perceber que tinha movimento. Também foi possível notar que algumas pessoas não usavam máscaras. Eram poucas, mas havia. Os restaurantes, nesse mesmo horário já mencionado, estavam com mesas cheias, que eram ocupadas por alguns clientes sem máscara. Não todos, mas alguns grupos de familiares também deixavam de usar as máscaras ao andar pelo calçadão central.

Feriado da Independência no Litoral do Paraná. Turistas ficam mais curtindo as cidades do que o mar.

Posted by Tribuna do Paraná on Sunday, September 6, 2020

A prefeitura informou que tem realizado ações de conscientização. No sábado, segundo a área de comunicação, equipes da saúde estiveram à beira-mar para uma campanha de sensibilização com os turistas e moradores que transitaram por lá. As orientações foram  sobre o uso obrigatório de máscaras, distanciamento social e lavagem das mãos. Inclusive, uma tenda no calçadão de Caiobá oferecia vacina contra gripe e sarampo, distribuição de máscaras e materiais educativos. 

De acordo com a prefeitura, os ambulantes também receberam materiais informativos contra a covid-19 e uma máscara de proteção modelo face shield – a que possui o material de acrílico como barreira de transmissão.

Valdomiro Muniz. Foto: Alex Silveira

Se, por um lado, o movimento do comércio cresceu no Centro e colaborou com o objetivo da prefeitura, de outro os dias de feriado não tem sido satisfatórios. O ambulante Valdomiro Paz Muniz, 55 anos, que há 30 anos perambula pelas areias do Litoral, reclama de não vender quase nada no sábado e no domingo. “É mais gente andando, pouca gente parada na areia. Vendi R$ 100. Não deu nem a metade do que eu vendia em feriados anteriores. Tá difícil”, contou.

Maria Eduarda. Foto: Alex Silveira

Maria Eduarda Messias Santana, 18 anos, uma das donas de uma barraca de churros no calçadão da praia de Matinhos, teve o volume de vendas parecido com o do ambulante. “Com o decreto, pudemos abrir, mas não vendemos muito. O pessoal mais caminha, quase não compra por receio do coronavírus. Vemos gente nos pedalinhos, famílias passando e indicando que tem mais gente que veio pra praia, mas ainda está fraco. Só não dá para reclamar tanto. Pelo menos alguma coisa conseguimos vender. Agora, é manter a esperança”, disse.

+ Viu essa? Curitiba registra apenas seis mortes em 24 horas, mas casos ativos chegam a 4.891

Guaratuba

Em Guaratuba, o movimento de pessoas também foi grande pelas ruas. Porém, o mar e a Avenida Atlântica estão bloqueados para visita. Da mesma forma que em Matinhos, o comportamento das famílias tem sido de ficar em casa. “Preferimos manter o isolamento e sair pouco”, diz a funcionária pública Ayeza Schmidt, 39 anos.

No giro dado pela reportagem, foi possível notar que várias casas estão ocupadas, confirmando que há mais gente na cidade. Alguns bares e restaurantes também tinham clientes na noite de sábado. Em algumas mesas também havia pessoas sem máscara.