Uma megaoperação conjunta da Polícia Civil do Paraná (PCPR) e da Polícia Militar do Paraná (PMPR) contra o tráfico de drogas no centro de Curitiba cumpre 172 mandados judiciais.
O grupo investigado atuava especialmente nas imediações da Praça Tiradentes, Travessa Nestor de Castro, rua Trajano Reis e áreas próximas, onde controlava a venda de drogas e impunha regras violentas aos envolvidos na atividade criminosa.
Cerca de 400 policiais estão nas ruas para o cumprimento de 92 mandados de prisão, 55 de busca e apreensão e 25 ordens de bloqueio de ativos financeiros, expedidas com base nas investigações. A ação conta com o apoio da Polícia Penal do Paraná (PPPR), além de helicópteros e cães de faro.
Como foi a investigação policial?
As investigações começaram em agosto de 2024, após denúncias anônimas e o aumento das ocorrências na região central da capital paranaense.
Foi identificada uma estrutura hierárquica composta por lideranças, gerentes, operadores logísticos, responsáveis pelo setor financeiro e dezenas de vendedores, que atuavam em turnos.
A organização utilizava códigos para designar tipos de droga, mantinha planilhas de contabilidade diária e estipulava metas de venda. Os entorpecentes eram escondidos em bueiros, canos, fissuras e até na boca dos envolvidos, o que segundo a polícia, dificultava a apreensão em flagrante.
O grupo mantinha diversos pontos de venda de drogas na região central e repassava espaços a traficantes de drogas associados, com autorização de uma facção criminosa de alcance nacional. Para manter o domínio da região, usavam de violência contra rivais e prestavam apoio a membros presos durante as operações.
Os pontos de venda estavam estrategicamente localizados em áreas de grande circulação de pessoas, o que facilitava a comercialização em larga escala.
Outros crimes
A atuação do grupo também está ligada ao aumento de crimes como homicídios, roubos, furtos e porte ilegal de arma de fogo.
De acordo com a polícia, a dinâmica do narcotráfico — marcada por disputas territoriais, cobrança de dívidas e fortalecimento de estruturas ilícitas — contribui para o crescimento da violência urbana.
A investigação também relaciona o grupo a homicídios consumados e tentados. Um dos casos é o de Ygor Hercullles de Souza, morto em 26 de fevereiro de 2025, um dia após ser espancado.
Dias antes, ele havia ameaçado uma equipe de televisão que gravava uma reportagem sobre a criminalidade na Praça Tiradentes. A polícia apura se a morte foi uma retaliação da organização criminosa por ter exposto a atuação do grupo.
No caixa
As investigações financeiras revelaram movimentações incompatíveis com a renda declarada pelos investigados. Parte dos envolvidos, inclusive beneficiária de programas sociais, movimentava altos valores por meio de familiares e terceiros, o que reforçava os indícios de lavagem de dinheiro.
