Comportamento

Polvo do humor viraliza no TikTok e agora também ganha fama entre curitibanos

Polvo do humor, brinquedo viralizou no TikTok. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná.

Um bichinho de pelúcia virou sensação na casa de muitos curitibanos que estão usando o brinquedo como uma forma de avisar do comportamento. Trata-se do “polvo do humor”, que viralizou recentemente em postagens do Tik Tok, rede social chinesa. De pelúcia e reversível, o “polvo do humor” aparece feliz, mas do lado avesso, ele muda de cor, ficando com carinha triste.

Inicialmente, o bichinho apareceu como um presente entre casais, que costumam dar de presente os bonecos que avisam quando o companheiro está de num dia bem ou mal-humorado. O comércio logo se apressou ao perceber que o polvo seria motivo de lucro. Só para ter uma noção, a hashtag #OctopusPlush,  nome do “polvo de pelúcia” em inglês, começou a circular pela rede social há alguns meses e já atingiu mais de 70 milhões de visualizações. Não demorou para que a tendência chegasse ao Brasil.

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Maria Luísa de Macedo, 16 anos, pediu o brinquedo para o pai após ver a irmã mais nova ganhando o polvo. Na adolescência e buscando cada vez mais o espaço, ela acredita que o bicho de pelúcia vai avisar com antecedência como ela está se sentindo emocionalmente. “Falei para minha mãe que ela vai saber como está o meu humor. Se não estiver com a carinha feliz, nem se aproxime”, brincou Maria.

Do outro lado da história está a mãe de Maria, que não sabia muito desta relação de intimidade do bicho de pelúcia com o sentimento da filha. “Eu fiquei surpresa ao saber disso, mas vamos ficar atenta a partir de agora. A minha outra filha, a mais nova, já tinha o polvo e entendemos como um simples brinquedo. Todo tipo de alerta é importante ”, disse a mãe.

Sucesso de vendas

A venda do polvo do humor tem agradado os comerciantes. Na loja Bumerang Brinquedos, no bairro Bom Retiro, foi preciso fazer encomenda para atender toda a clientela. Vanuza Garcia da Silva, 34 anos, relata que diariamente tem gente procurando o bicho de pelúcia tanto presencialmente como também pelo site da empresa. “O polvo vende bem e no Dia dos Namorados teve ótima procura. A gente tinha poucas unidades e foi preciso encomendar. A procura atinge todos os públicos”, comunicou a vendedora.

Outro ponto de venda ocorre no comércio ambulante de Curitiba. No Parque Barigui, ponto tradicional de caminhadas e agora de vacinação contra a covid-19, o polvo do humor faz sucesso. Eron Nunes, 43 anos, natural de Salvador (BA), está na capital paranaense há cinco anos e está animado com as vendas. Ele comercializa máscara de proteção, mas o bicho de pelúcia ganhou espaço em uma espécie de bancada feita com arbustos do parque. “O polvo é o brinquedo mais solicitado. Vendo em média 15 por dia e às vezes chega a faltar. Muitas crianças pedem aos pais quando eles chegam aqui para vacinar”, orgulha-se o vendedor.  O preço em média do polvo custa R$35.

Não há uma explicação oficial sobre o motivo da escolha do polvo para a pelúcia. Algumas hipóteses são apontadas ao fato dos polvos serem animais muito sensitivos. A sensitividade do animal é cientificamente comprovada por um estudo realizado pela Universidade de Harvard, onde os polvos conseguem sentir sabores, cheiros e texturas através das ventosas dos tentáculos. Esse animal também muda de cor de acordo com o perigo ou emoção, capaz de se camuflar. Isso poderia justificar o motivo do “polvo do humor” mudar de cor quando troca a emoção. Além disso, na imaginação pode dar a sensação que com vários tentáculos, o polvo seria capaz de abraçar em um momento de tristeza.

Polvo do humor é sucesso entre jovens. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná.

Brinquedo não substitui conversa

Apesar de termos exemplos de adolescentes ou mesmo namorados que utilizam o polvo para mostrar o humor para outra pessoa, o brinquedo não substitui a conversa. O alerta foi dado por Irene Prestes, 55, psicóloga e professora da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). De acordo com a profissional, é preciso tratar o bicho de pelúcia como brinquedo, pois nada substitui a boa e velha conversa. “Isso é marketing, é capital. O brinquedo media as relações afetivas com a descoberta para a interação com o meio. A criança faz esse movimento de brincar, é prazeroso, divertido. O brinquedo é fantasia, não é real. O importante é demonstrar a verdadeira comunicação que é a fala, a conversa. Nada substitui a conversa para ninguém. Estão potencializando um brinquedo que não tem esse lugar”, comentou Irene.

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