No litoral

Polícia caça 8 criminosos especializados no golpe da falsa venda de imóveis no Paraná

Imagem ilustrativa. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Imagem ilustrativa. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Duas quadrilhas que mantinham um esquema parecido e aplicavam golpes em quem procurava comprar imóveis no litoral do Paraná foram desmanteladas pela Polícia Civil nesta terça-feira (12). Ao todo, oito pessoas foram presas, suspeitas de integrarem o esquema que se utilizava de documentos falsos para enganar as vítimas. Em alguns casos, o prejuízo chegou a quase R$ 500 mil. Entre os presos está um tabelião de 83 anos. Os cabeças dos dois grupos, porém, não foram encontrados.

As prisões foram em Mandirituba e Colombo, cidades da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e também na capital e no litoral do Paraná, onde ficavam as supostas casas que eram oferecidas pelos grupos criminosos. Conforme a polícia, apesar de serem duas quadrilhas diferentes, a ação dos grupos era independente, ou seja, agiam sem que houvesse ligação uma com a outra.

Núcleo Zazá

A primeira quadrilha era comandada por uma transexual de 48 anos, identificada pelo nome social Luisa Zaza Fernandes da Conceição. Ela e o companheiro Sérgio José dos Santos, 48, comandavam o esquema junto com Geraldo Magela Esmério, 29, Edson Lopes dos Santos, de 83, e Silvana Natel Glaser, de 52 anos.

Segundo a polícia, Luisa, Sérgio José e Geraldo se passavam por proprietários e corretores, respectivamente, de um imóvel localizado no Balneário Guaciara, em Matinhos. O trio criou um anúncio, ofertando a falsa propriedade, em um site de compra e venda da internet, e atraiu as vítimas. Após demonstrar interesse no imóvel, as vítimas entravam em contato e começaram a negociar com os suspeitos.

Após diversas tratativas, elas marcaram de concluir a compra e formalizar o contrato em um escritório, situado no bairro Flamingo, em Matinhos, onde Geraldo utilizava para atender pessoas que caíam no golpe. Se passando por proprietária do imóvel, Luisa e as vítimas chegaram a assinar um Instrumento Particular de Compra e Venda. Depois, todos ainda se deslocavam a um cartório, em Mandirituba, na RMC, ao invés de um cartório de Matinhos, para realizar a parte burocrática da tramitação.

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Ainda que houvesse suspeita das vítimas por conta do cartório, os suspeitos explicavam que só faziam procedimentos em Mandirituba porque os servidores do local eram seus amigos e que lá teriam preferência no atendimento. Para dar ainda mais firmeza no golpe e fazer com que as vítimas acreditasse, os suspeitos diziam que o cartório da RMC oferecia descontos especiais na documentação.

No cartório, Edson, que atuava como tabelião, dava suporte. Junto com Silvana, escrevente juramentada, os dois chegaram a fazer a escritura de compra e venda do imóvel fraudulento. O imóvel havia sido anunciado por R$80 mil, as vítimas deram um sinal de R$5 mil para a reserva e pagaram R$25 mil em cheque, no ato da assinatura do Instrumento Particular de Compra e Venda.

Conforme apurado, no momento da assinatura da escritura pública, embora as vítimas tivessem solicitado, os suspeitos não apresentavam os documentos que comprovassem a propriedade do imóvel adquirido, afirmando que depois apresentariam as escrituras e certidões. Duvidando do que estava acontecendo, as vítimas pesquisaram em registros públicos e perceberam que tinham sido vítimas de uma fraude e que o imóvel seria de propriedade de uma construtora, a qual teria sido objeto de execução judicial e estaria registrado como sendo de propriedade da União Federal.

Núcleo Marquinhos

Sem ligação alguma com o primeiro grupo, a segunda quadrilha era composta por Marco Antônio Aparecido da Silva, conhecido como “Marquinhos do Albatroz”, de 42 anos, Kely Tania Bezerra Ramos, 27 anos, e Talita Aparecida de Bona da Silva, 35 anos. Eles são apontados pela polícia como suspeitos de vender terrenos e até uma fazenda usando documentos falsos em Matinhos, litoral do Estado.

De acordo com a Polícia, os suspeitos chegaram a vender uma única propriedade, localizada no Balneário Albatroz, para várias pessoas ao mesmo tempo. As investigações apontam que as vítimas pagaram entre R$1 mil e R$15 mil por cada lote. Os valores eram pagos em dinheiro diretamente para “Marquinhos do Albatroz” ou depositado em contas bancárias de Kely.

Depois do pagamento, os suspeitos levavam as vítimas ao escritório de Talita, onde assinavam um documento intitulado “Compromisso Particular de Compra e Venda”. Conforme a polícia, isso foi feito sem que as vítimas tivessem qualquer assistência jurídica e também sem que tivessem conhecimento e acesso a informações corretas sobre a burocracia de aquisição de um imóvel.

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Caiu a casa

O delegado Fábio Machado explicou que o grupo agia pelo menos desde 2014. Apesar de tanto tempo agindo, somente no ano passado as vítimas tiveram conhecimento de que caíram em num golpe. “A descoberta só acontecia muito tempo depois. Numa das situações, por exemplo, a vítima foi tentar fazer melhorias no terreno e acabou sendo impedida pelo verdadeiro proprietário”.

Ao saber do golpe, as pessoas começaram a procurar a polícia e as denúncias passaram a ser investigadas. De acordo com as investigações, esse golpe já conta com mais de dez vítimas e o prejuízo sempre acaba sendo grande, afinal de contas, o valor de um imóvel quase sempre é alto. A partir de agora, as investigações devem continuar com o intuito de identificar outras vítimas e responsabilizar todas as pessoas envolvidas com o crime, já que pelo menos quatro pessoas não foram detidas. “São dois casais, eles que comandavam todo o esquema”, reforçou o delegado.