Cenário da violência

Pesquisa revela que o Paraná resolveu apenas 12% dos homicídios, polícia discorda

Foto: Divulgação/Polícia Civil

A quarta edição de uma pesquisa anual sobre a taxa de solução de homicídios no Brasil aponta que o Paraná é o último colocado no ranking entre os estados que esclareceram esse tipo de morte violenta. A pesquisa, que se chama “Onde Mora a Impunidade”, divulgada pelo Instituto Sou da Paz nesta quarta-feira (13), revela que 17 estados esclareceram 44% de homicídios. Nesse universo, o Paraná ficou com 12% dos esclarecimentos. Os outros dez estados não são capazes de informar quantos homicídios esclareceram, diz o estudo.

Apesar de ser a quarta colocada do país, Polícia Civil do Paraná (PCPR) contestou os dados informados na pesquisa. Segundo a polícia, em relação aos dados de 2018 divulgados pelo Instituto Sou da Paz, a PCPR não tem como afirmar se os números estão ou não corretos. Em nota, a polícia diz que, para isso, “precisaria analisar com calma a fonte dos dados, os critérios e os parâmetros utilizados na pesquisa para fins de comparação”. 

LEIA TAMBÉM:

>> Câmeras de segurança filmam assalto à padaria na região de Curitiba

>> Pandemia muda perfil de moradores de rua em Curitiba. “Entreguei meu apartamento e larguei o trabalho”, disse ex-chef

Já sobre os números a partir de 2019, a Polícia Civil informa que um controle efetivo dos índices de solução de homicídios em suas investigações só começou a ser feito na atual gestão. “Nesse sentido, esclarece que em 2020, o índice de solução de homicídios na capital foi de 90% e se considerado todo o estado do Paraná ficou em 66%”, diz a nota.

Ou seja, os números do Paraná, de acordo com a PCPR, estariam muito superiores aos da média de 44% dos 17 estados que computam dados, sejam esses dados informados completos ou incompletos.

O que diz o Instituto Sou da Paz

De acordo com o Instituto Sou da Paz, os dados da pesquisa Onde Mora a Impunidade “são requisitados aos Ministérios Públicos e aos Tribunais de Justiça das 27 unidades federativas do país informações sobre homicídios dolosos (com a intenção de matar) que geraram ações penais”. Nesta edição de 2020, foram solicitados via Lei de Acesso à Informação dados de homicídios que aconteceram em 2018 e esclarecidos até 2019.

Na pesquisa, o estado com a menor taxa de esclarecimento de homicídios foi o Paraná, com 12%, porém o dado, conforme o instituto, “representa um avanço em relação ao anterior, quando o estado enviou dados incompletos que impossibilitaram o cálculo e prejudicavam a transparência do dado. 

Ainda de acordo com a pesquisa, o Rio de Janeiro, que ficou em último no ranking em 2020, melhorou de 11% para 14% seu esclarecimento, seguido da Bahia, que subiu de 4% na segunda edição para 22%. O Mato Grosso do Sul foi o estado que mais esclareceu homicídios ocorridos em 2018, com percentual de 89% de esclarecimento, seguido por Santa Catarina, com 83% e Distrito Federal, com 81%, tendo piorado seu percentual de esclarecimento em relação à última edição da pesquisa, quando apresentou taxa de 91%. 

Entre os estados que não enviaram os dados solicitados pelo Instituto Sou da Paz estão: Alagoas, Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. Entre aqueles que enviaram dados incompletos, o que inviabilizou o cálculo do percentual de homicídios nesses estados, estão Amapá, Goiás, Pará e Maranhão.

“É importante reconhecer o avanço no percentual de esclarecimento de homicídios no Brasil, que aumentou 12% em relação à última edição da pesquisa”, comemora Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz. “Esta é a edição com o maior número de estados que enviaram dados completos e a maior parte deles apresentou aumento no esclarecimento de homicídios em relação ao ano anterior”, diz.

Entre as razões para esse avanço nos estados, segundo explica o instituto, é a melhora na capacidade investigativa indicada pelo aumento nos esclarecimentos no mesmo ano da morte, reforçando o que a literatura especializada já aponta: quanto mais tempo demora a atividade investigativa, mais difícil fica a identificação de autores, gerando maior possibilidade do inquérito ter como destino o arquivamento.

Para que o Brasil passe a priorizar a investigação de homicídios, o Instituto Sou da Paz propõe, entre outras recomendações, a modernização da gestão, infraestrutura e remuneração das Polícias Civis estaduais, a garantia da disponibilidade ininterrupta de equipes completas (delegado, investigadores e peritos) para chegada rápida ao local do crime em todas regiões dos estados, além da padronização e integração dos sistemas de informação dos Ministérios Públicos estaduais, conferindo mais transparência à resposta que o estado dá aos crimes contra a vida.

O Instituto Sou da Paz foi criado em 1999. A ideia começou como uma campanha pelo desarmamento, lançada em 1997. Resumo de seus objetivos, publicado no site da instituição, “é contribuir para a implementação de políticas públicas de segurança que sejam eficientes e pautadas por valores democráticos e pelos direitos humanos”.

Afonso termina com Maria de Fátima
Vale Tudo ontem

Afonso termina com Maria de Fátima

César também termina com Maria de Fatima
Vale Tudo hoje

César também termina com Maria de Fatima

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna