O Paraná é um dos alvos da megaoperação Carbono Oculto, deflagrada nesta quinta-feira (28), que cumpre mandados de busca e apreensão em outros sete estados das regiões Sul e Sudeste. A ação busca desarticular um esquema de fraudes comandado por integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com as investigações, as fraudes aconteciam no setor de combustíveis e no mercado financeiro. Para viabilizar o esquema, integrantes da organização criminosa se infiltravam em postos, distribuidoras e empresas ligadas ao ramo, atuando de forma contínua ou pontual com o objetivo de garantir a manutenção das atividades ilícitas.
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Um dos principais eixos do esquema era o Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná. Cargas de metanol que chegavam ao local não eram entregues aos destinatários indicados nas notas fiscais. Em vez disso, eram desviadas e transportadas clandestinamente com documentação falsa.
Para onde ia o combustível?
O metanol era destinado a postos e distribuidoras, onde sofria adulteração. As investigações apontaram fraudes em mais de 300 postos de combustíveis nos estados-alvo da operação.
Consumidores eram lesados de duas formas: recebiam volumes inferiores ao informado nas bombas (fraude quantitativa) ou combustíveis adulterados fora das especificações técnicas da ANP (fraude qualitativa). Já proprietários de postos que venderam seus estabelecimentos não receberam o pagamento da transação e chegaram a ser ameaçados de morte ao tentar cobrar os valores.
O lucro obtido era direcionado para uma complexa rede de empresas de fachada, fundos de investimento e instituições de pagamento, usada para ocultar os verdadeiros beneficiários. Parte expressiva desses recursos foi utilizada para comprar usinas sucroalcooleiras e fortalecer a estrutura criminosa, que passou a controlar distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis.
As transações financeiras circulavam por fintechs ligadas ao crime organizado, cujo portfólio era formado majoritariamente por empresas do setor. Segundo os investigadores, a escolha por instituições de pagamento, em vez de bancos tradicionais, tinha como objetivo dificultar o rastreamento dos recursos. Essas fintechs operavam com contabilidade paralela, permitindo transferências sem identificação dos beneficiários finais.
Quase R$ 8 bilhões sonegados
Ao todo, a operação mira 350 pessoas físicas e jurídicas. Todos são suspeitos de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
A ação reúne mais de 1.400 agentes dos ministérios públicos, Receita Federal, polícias civil e militar, entre outros órgãos. Além dos mandados, o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de São Paulo (CIRA/SP) irá adotar medidas judiciais para bloquear bens suficientes para recuperar os tributos sonegados, cujo valor atualizado é de R$ 7,67 bilhões.
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