Cerca de 1.200 pessoas do Movimento Sem Terra (MST), segundo a organização, montaram uma grande barraca e ocupam um trecho da Rua Doutor Faivre, onde fica a sede do Incra, no Centro de Curitiba, desde a manhã dessa quarta-feira (8). Entre outros motivos, eles protestam pelo sucateamento do órgão, a desvalorização no governo Temer de políticas públicas conquistadas pelos trabalhadores rurais, e defendem a reforma agrária.

continua após a publicidade

Os dois lados da calçada da Rua Dr. Faivre foram tomados por cobertores e colchões dos manifestantes. No meio do protesto, circula chimarrão, tem som de violão e até jogo de cartas. Diego Moreira, da coordenação nacional do MST, conta que os manifestantes vieram de todo o Estado.

Diego explicou que a manifestação faz parte da jornada nacional em defesa da reforma agrária. A luta do MST é também contra a retirada de direitos, a favor da aposentadoria rural, das políticas de moradia popular e pela retomada do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

A previsão é que a ocupação fique até a próxima sexta-feira (10), mas esse prazo pode se estender caso não haja diálogo. “Esperamos que haja uma abertura de diálogo pra discutir a situação do Incra, da reforma agrária e discutir um plano emergencial pra assentar as mais de 10 mil famílias que estão acampadas no Paraná”, afirmou Diego.

Greve

continua após a publicidade

Paralelamente à ocupação do MST, outra manifestação movimentou o Incra nessa quarta: a greve dos servidores, motivada pela exoneração do superintendente regional do Instituto, Nilton Bezerra Guedes, que ocorreu na terça. De acordo com o presidente da Associação dos Servidores do Incra (Assincra), Luciano Guimarães, a categoria tem receio de que o novo superintendente não seja servidor do órgão, conforme a determinação do decreto nº 3.135/1999.

“Temos a preocupação de que seja apenas uma colocação política”, disse. Segundo Luciano, de 100 a 150 servidores do Incra estão paralisados em todo o Estado.

Transtorno

continua após a publicidade

A ocupação na Rua Doutor Faivre deixou o trânsito na região complicado. Pessoas que trabalham e moram na região e deixaram o carro em estacionamento no trecho onde está o MST reclamaram da dificuldade de entrar e sair.

Um comerciante da área, que preferiu não ter o nome divulgado, disse se sentir prejudicado com a ocupação. “Pra nós é péssimo. Muita gente acaba desviando da região por causa disso, aí a gente tem prejuízo. Mas todo ano é a mesma coisa”, desabafou.

Desobstrução

A Setran informou que mantém agentes no local para fazer a orientação dos motoristas sobre os desvios. A desobstrução da via, no entanto, deve ser feita pela polícia ou o batalhão de trânsito, por se tratar de uma questão de segurança pública. A Polícia Militar, por sua vez, informou por meio da assessoria de imprensa que, por enquanto, nenhuma ação será tomada, respeitando o direito de manifestação do grupo.