Bebida Legal

Movimento nacional criado em Curitiba quer combater bebidas falsificadas

Foto: divulgação.

Você já parou para pensar sobre a procedência daquela bebida que está consumindo? Essa questão tem tirado o sono de muita gente ultimamente, principalmente depois dos recentes casos de intoxicação por metanol registrados em vários estados, inclusive aqui no Paraná e Curitiba.

Em meio a esse cenário preocupante, o movimento Bebida Legal – uma parceria entre a Mufs Distribuição, a Abrabar (Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas) e a UFPR – teve seu lançamento nacional em Curitiba nesta semana. O evento aconteceu na última terça-feira (14/10).

A iniciativa, que nasceu ainda no primeiro semestre deste ano aqui no Paraná, surgiu bem antes dessa onda de intoxicações, mas agora ganha uma urgência e relevância ainda maiores. O objetivo é claro: conscientizar tanto quem consome quanto quem comercializa sobre os perigos das bebidas falsificadas e adulteradas.

“Desde o início, nosso objetivo é salvar vidas e fortalecer o comércio legal. O movimento nasceu antes mesmo desses episódios graves, mas a tragédia reforçou a urgência do tema. É hora de unir forças para combater um problema que é nacional”, afirma Marquinhos Mufs, idealizador do projeto e empresário do setor há mais de duas décadas.

Um dos grandes diferenciais desse movimento é a participação direta da universidade. O NAPI Segurança Pública e Ciências Forenses da UFPR está trabalhando na construção de soluções científicas e políticas públicas voltadas à rastreabilidade, controle e certificação de bebidas. É a academia, o mercado e o poder público de mãos dadas para enfrentar um problema sério de saúde pública.

Paraná: rota de risco para bebidas adulteradas

O Paraná está em uma posição delicada nessa história toda. Por fazer fronteira com Argentina e Paraguai, o estado acaba se tornando uma porta de entrada natural para produtos contrabandeados, incluindo bebidas sem procedência.

Segundo a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), 36% dos destilados comercializados no Brasil são falsificados ou adulterados. Isso significa que mais de um terço do que consumimos pode representar um risco sério à saúde.

“Estamos reforçando recomendações e orientações, com ações de alerta e pedidos de força-tarefa envolvendo diversas secretarias estaduais. A ideia é atuar em conjunto na prevenção, com campanhas educativas em bares, casas noturnas e redes sociais”, explica Fábio Aguayo, presidente da Abrabar.

Vale lembrar que o metanol, substância encontrada nas bebidas adulteradas, é extremamente perigoso. Ele pode causar danos irreversíveis ao fígado, cérebro e nervo óptico, levando à cegueira e, em casos mais graves, até à morte. Não é brincadeira!

Selo de procedência pode virar lei

Uma das propostas mais interessantes que surgiu a partir do movimento é a criação do selo “Bebida Legal”, que deve certificar estabelecimentos comprometidos com a venda de bebidas de procedência comprovada. A ideia está tramitando na Assembleia Legislativa do Paraná, junto com outros projetos que buscam criar mecanismos de controle e combate à adulteração.

“O cidadão tem o direito de saber exatamente o que está bebendo. Diante de tantos riscos à saúde, é essencial termos uma lei que garanta procedência, com segurança jurídica e social para consumidores e empresários”, destaca Fábio Aguayo.

E o debate não para por aí. No dia seguinte ao lançamento, 15 de outubro, acontece uma audiência pública sobre o tema no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná. O encontro “Bebidas e Metanol: Riscos à Saúde Pública e Combate à Adulteração” vai reunir autoridades, representantes da indústria, academia, saúde e do setor gastronômico e de entretenimento.

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