Levantou poeira

Com entorno asfaltado, rua na Grande Curitiba vira ‘ilha de pó’

Moradores reclamam da falta de asfalto na Rua da Ordem, em Campo Largo. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Moradores reclamam da falta de asfalto na Rua da Ordem, em Campo Largo. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

A falta de pavimentação na Rua da Ordem, no Jardim Yara, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, deixa os vizinhos indignados. Enquanto as ruas próximas estão asfaltadas, ela se tornou uma ilha de poeira que incomoda motoristas e pedestres. Veículos enfrentam dificuldade para subir a ladeira quando chove e até com tempo seco e pedestres costumam tropeçar e cair quando andam ali.

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Embora o entorno do bairro tenha sido pavimentado, a prefeitura diz que manterá a Rua da Ordem como está, sob argumentos da falta de regularização junto ao cadastro municipal e pelo local ser um fundo de vale. Moradores questionam as explicações e seguem sem entender como as ruas em volta podem ganhar asfalto e a deles não.

O trabalhador autônomo Ademilto Leite, 56 anos, é morador da rua há 25 anos. Ele diz que paga IPTU, luz e água, por isso estranha os argumentos da administração pública. “Minha casa é toda legalizada. Pago imposto certinho, água, luz e esgoto. Pagamos para ver tudo asfaltado na nossa frente e aqui nada. Já fizeram várias vistorias e nada. Só aparecem em época de eleição e ficam na promessa”, reclama o morador.

A casa dele fica na esquina da Rua da Ordem com a Rua da Liberdade, que é asfaltada até a esquina. “Estamos abandonados a Deus dará. Olha, as autoridades desprezaram essa rua, não dá pra entender o porquê disso. E olha o nome da rua, de Ordem parece que não tem nada”, desabafa Leite.

Em nota, a prefeitura informa que a Rua da Ordem encontra-se em situação irregular junto ao cadastro municipal. Além disso, segundo a explicação da administração, a via localiza-se em fundo de vale, o que impede a realização de obras que viabilizam a pavimentação, tais como a readequação e construção de galeria pluvial a fim de se evitar alagamentos. A prefeitura também diz que realiza melhorias na rua através de patrolamento, de acordo com as necessidades apresentadas.

Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Ademir Antônio Borges, 58 anos, já foi funcionário terceirizado da prefeitura de Campo Largo por 12 anos. Borges não se conforma com os argumentos sobre as redes pluviais. “Têm esgoto da Sanepar, luz da Copel e IPTU que nós pagamos. Moro aqui faz 20 anos. Já fomos na prefeitura, na Câmara Municipal, mas a verdade é que dizem que aqui não precisa de antipó. Para se ter ideia, nós mesmos pagamos do próprio bolso a colocação de manilhas. Tivemos que instalar, porque se depender da prefeitura não sai nada aqui. Fora as outras coisas. Além do pó, isso aqui fica perigoso. Cada carro que desce aqui e se atravessa na rua vai em cima da nossa casa”, contou Borges, que mora há 20 anos no final da descida da via.

Sobre a falta de regularização no cadastro municipal, quem se defende é o operador de máquina Denezor José da Cruz, 47 anos. “A minha casa ainda não é regularizada. Mas não tenho problema nenhum em regularizar. Ninguém nunca veio aqui com um papel pra gente assinar. É mais uma desculpa da prefeitura, de que não asfalta porque não é regularizado. Eu até peço desculpa para os vizinhos das outras ruas, mas eu pergunto: por que a deles pode asfaltar e a nossa não? Isso não é certo”, diz.

Ainda segundo Cruz, a reclamação mais recente feita para a administração foi há quatro meses. “Falamos com vereador, ligamos na prefeitura, fizemos de tudo. Eles vêm, dão uma olhada, mas é só”. A manutenção feita pela máquina prefeitura também levanta uma questão para os vizinhos. “Como é que eles dizem que é tudo sem cadastro se eles vêm e passam a máquina? Se fosse irregular, não passaria nem a máquina”, argumenta Denezor Cruz.

No local, a reportagem constatou a dificuldade do trânsito de veículos pela Rua da Ordem. Também chegou a presenciar a queda da esposa de Ademir Borges no meio da rua. Ela subia a ladeira e não se machucou, mas mãos e roupas se encheram de pó. “Olha lá, caiu. Tem que ter muito cuidado aqui, eu vivo dizendo”, apontou o marido.

Outro ponto observado da reclamação dos moradores foi a presença de antipó nas demais vias do Jardim Yara. “Quase não dá para acreditar que isso está acontecendo”, finalizou Cruz.

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