Prova de resistência e paciência

Moradores de Curitiba têm que encarar ladeira e 1 km de caminhada pra pegar o busão

Em tempos de pandemia, subir os degraus para embarcar no transporte público de Curitiba é um desafio. Seja pelo medo do coronavírus ou por outros motivos bem conhecidos da população, a segurança está longe de ser perfeita. Pior ainda é saber que é preciso caminhar por um quilômetro para entrar em um ônibus ou mesmo para chegar em casa. É o que acontece na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), onde usuários reclamam da falta de ação da prefeitura e do descumprimento da lei que proíbe que uma pessoa se desloque por mais de 500 metros para pegar o busão.

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A nova promessa, é que depois do feriado da Independência, em 7 de Setembro, uma rua vai ser prolongada para atender estes usuários, que dependem do transporte coletivo. Mas o tema é antigo para quem reside no Conjunto Marselha ou Vila Sandra na CIC.

Uma área de 1.322,98 metros quadrados pertencente à prefeitura de Curitiba, cedida pela Casteval Construção e Incorporação LTDA em 2014, virou local de lixo, mocó e assaltos. Para evitar transtornos em um espaço que não tem utilidade e só proporciona problemas aos moradores, foi sugerido há 10 anos, que esse terreno fosse transformado em rua. Ela seria o prolongamento da Rua Jaziel Sotto Maior Lagos até a Rua Juvino Ransolim, que desembocaria diretamente na Eduardo Sprada, considerada o principal acesso rumo ao Centro de Curitiba.

Com a transformação em rua e o fim da área dedicada à sujeira e desocupados, linhas de ônibus poderiam atender melhor os 2 mil residentes na região, e evitariam uma caminhada de no mínimo um quilômetro para pegar o busão. Aliás, a Lei n° 12.597 de 17 de janeiro de 2008, que dispõe sobre a organização do Sistema de Transporte Coletivo da cidade de Curitiba, em seu Art. 4°, Inciso XI, parágrafo único diz que: “A região, cuja densidade demográfica, viabilize a implantação do serviço, será́ considerada atendida sempre que sua população não esteja sujeita a deslocamento médio superior a 500 (quinhentos) metros”.

Pela ladeira ou terreno baldio?

O estudante Renan dos Santos, 25 anos, é uma das vozes mais críticas nas redes sociais quanto ao problema. Pediu em várias oportunidades ao prefeito Rafael Greca que olhasse com carinho para o assunto e chegou a ficar indignado com uma resposta recebida, em que Greca diz que nem tudo a prefeitura consegue fazer. “Acho que está em processo e nem tudo a gente consegue”, escreveu o prefeito, em uma postagem no Facebook, no mês de julho de 2021. “Eu fiquei desolado, pois a gente está enfrentando isso há 10 anos, e nada está se fazendo nada para melhorar. Eu sou jovem e não posso desacreditar da política”, relatou o estudante.

O trecho em que Renan sinaliza pode ser visto por um vídeo realizado por ele (ver acima). Nas imagens, o estudante relata a dificuldade de uma pessoa de 25 anos para ir em direção ao ponto na Rua Eduardo Sprada. “Eu que sou jovem, acho difícil subir, pois é um trecho com uma enorme subida. Imagine para idosos, fora que durante a noite, tem assaltos. É um trajeto difícil de se fazer”, comentou Renan.

O aposentado João Maria dos Santos evita caminhar para pegar o ônibus. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

O aposentado João Maria dos Santos, 78 anos, morador da região, costuma ficar na frente de casa observando as pessoas e evita caminhar para pegar o ônibus. “Para eu pegar o ônibus, é muito complicado. É longe, tem assalto e quando preciso sair, é mais fácil pedir um carro pelo telefone. A chegada do ônibus seria ótima para todos, pois muito não tem carro”, disse João Maria.

Vale reforçar que existe um outro ponto de ônibus, na Rua João Dembinski, mas aí a pessoa precisa entrar no terreno que hoje virou depósito de lixo e esconderijos para pessoas que podem realizar crimes. Em uma simples caminhada é possível perceber objetos jogados na grama como alimentos, garrafas, roupas.

Terreno virou depósito de lixo e esconderijo para assaltantes. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Esperança de uma mãe

Outra pessoa ativa na busca de uma solução é a Mychelli Lucien Esperança, 43 anos. Participante de várias audiências públicas e de um abaixo-assinado com a assinatura de 1200 pessoas, Mychelli é mãe de um filho cadeirante. Naturalmente, ela evita a enorme subida, para evitar acidentes que podem ocorrer devido ao aclive e a constante circulação de veículos, que abusam da velocidade na descida em direção ao bairro.

“Passamos por um momento delicado, pois os idosos estão presos dentro de casa, os pais dos adolescentes precisam pegá-los no ponto e à noite, tem risco de assalto. Eu não acho certo o que está acontecendo e o que sobra é o meu sobrenome”, ressaltou Esperança.  

abaixo assinado
Mychelli Lucien Esperança com o abaixo-assinado. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

E aí, prefeitura?

Segundo a prefeitura de Curitiba, a obra no terreno que impede o acesso de linhas de ônibus vai começar após o feriado de 7 de Setembro. No local, deve ser realizada a pavimentação da Rua Jaziel Sotto Maior Lagos, no trecho de 210 metros de extensão, com obra orçada, licitada e contratada por R$ 559.544,36.

Para realizar uma intervenção na cidade, o assunto passa por várias discussões e secretarias. Nesse caso, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente fez estudos da área verde para definir se alguma árvore poderia ser derrubada ou mesmo se o terreno poderá ter o peso de veículos e de movimentação de pessoas.

Além disso, o município abre para empresas um processo de licitação e a questão burocrática atrapalha no andamento. Outra questão de atrasos em obras foi a pandemia do coronavírus, já que muitos materiais utilizados estão em falta ou com preços elevados.

Quais linhas podem passar depois da obra?

Não existe a certeza qual linha vai atender os moradores após a obra. Atualmente, o Vila Sandra e o Interbairros IV passam nas cercanias e podem sofrer ajustes. De acordo com a nota assinada por Sérgio Luís de Oliveira, responsável pela Área de Operação do Transporte Coletivo da Urbs, já algum tempo existem tratativas para atender o conjunto Marselha.

“Com a execução das obras, vai possibilitar o acesso ao um ônibus, pois a Rua Ângelo Rossa não possui largura e raio de giro na saída para a João Dembinski, sendo inviável nesse momento o atendimento. Ressaltamos que está tramitando no IPPUCCSV- Coordenação de Sistema Viário, análise da abertura da diretriz na continuidade da Rua Juvino Rasolin”, diz a nota enviada para a Tribuna do Paraná.

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