A culpa é nossa

Medidas mais radicais contra a covid-19 foram tomadas por culpa do curitibano

Bandeira laranja de risco de coronavírus em Curitiba
Foto: Engin Akyurt/Pixabay. Arte: Tribuna do Paraná

A partir desta segunda-feira (15), Curitiba está em bandeira laranja. Um decreto publicado de forma extraordinária no último sábado elevou o risco de contágio por covid-19 na cidade para “médio” e determinou o fechamento de várias atividades consideradas “não essenciais”. A decisão causou uma série de reclamações por parte dos representantes das diversas categorias atingidas, mas o objetivo é tentar frear o aumento da contaminação pelo coronavírus na cidade.

Na última semana, o número diário de infeções triplicou e em 20 dias o total de mortes dobrou. Apesar dos alertas e pedidos feitos pelas autoridades de saúde, as pessoas seguem se aglomerando em alguns locais, facilitando a transmissão.

No último sábado, em transmissão atípica pelas redes sociais (a atualização dos números normalmente não acontece em lives), a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, anunciou as novas medidas e disse que a troca da cor da bandeira para laranja tem como principal motivo o mau comportamento da população, que não está respeitando as regras de isolamento social e precisa contribuir para que as medidas de contenção não se intensifiquem ainda mais.

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O que é a bandeira laranja da covid-19?

Antes da bandeira laranja, Curitiba estava no alerta amarelo. As cores indicam o grau dos alertas. A próxima bandeira é a vermelha, que significa um lockdown (fechamento total da cidade, com restrição para circulação de pessoas).

No último boletim divulgado pela prefeitura, no sábado, Curitiba chegou a 1.777 casos e 78 mortes desde o início da pandemia. Ontem não tem atualização, mas pelo boletim da Secretaria Estadual, mais duas mortes aconteceram na cidade.

Márcia Huçulak explicou que a prefeitura fez uma avaliação das atividades que mais promovem aglomeração. Nelas entraram academias, bares, restaurantes e casas noturnas, comércio de rua, shopping centers e cultos religiosos. Essas atividades passam a ser classificadas como não essenciais e ficam proibidas de funcionar ou algumas poderão funcionar com restrições. Tudo isso porque se observou que a população tem se aglomerado e desrespeitado regras simples, como por exemplo, usar de máscaras e manter o distanciamento social.

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“Por isso o decreto nessas atividades. Identificamos óbitos ligados a cultos. Recebemos, continuamente, vídeos e fotos de aglomerações. Temos visto movimentação grande na cidade. Parece que voltaram ao normal. Um monte de gente sem máscara, sentados e conversando. Não é o momento para aglomerar”, disse a secretária.

O objetivo é evitar um colapso do sistema de saúde e achatar a curva de contágio. Para isso, a secretária faz um apelo. “Vocês precisam ajudar. O vírus não vai embora. Vamos ter que conviver [com ele]. Enquanto não tivermos descoberto uma vacina, um tratamento, vamos viver em alerta”, reforçou a secretária de Saúde.

A responsabilidade das pessoas gera uma bola de neve de problemas. Foram observados o aumento dos acidentes de trânsito, de brigas, de pessoas baleadas e esfaqueadas que voltou a prejudicar o controle do número de leitos hospitalares em Curitiba. “Tivemos queda no início da pandemia, com menos violência, o que também libera leitos hospitalares. Mas, agora, passamos a semana com o pronto-socorro cheio de gente acidentada”, disse.

E completou. “Vimos uma série de agressões e situações tristes quando as medidas se tornaram obrigatórias. Temos esse tipo de gente que só podemos lamentar. Elas precisam evoluir na vida para viver em sociedade. Vamos restringir para que pessoas não circulem tanto. Tem estudante sem aula que está circulando, pessoas com mais de 70 anos, quando não precisam, circulando. Precisamos do apoio da sociedade”, explicou.

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Por fim, Márcia desabafou. “Não pode sair sem máscara. Tem gente no ônibus sem máscara. Qual é a parte que a pessoa não entendeu que tem que usar máscara, manter distanciamento, adotar medidas? Não podemos errar. As pessoas estão sendo displicentes. Todos têm responsabilidade”.

Restrições da bandeira laranja do coronavírus

Veja o que determina o decreto 774/2020 que já está em vigor e suspende os seguintes serviços:

  • Academias e todas as práticas esportivas;
  • Igrejas e templos religiosos;
  • praças e parques públicos;
  • todas as atividades de entretenimento, com ou sem musica de forma eventual ou periódica (como teatros, festas e atividades correlatas);
  • bares e atividades correlatas;
  • clubes sociais e esportivos.

Restrição de funcionamento e horário de categorias em Curitiba:

  • Comércio varejista de rua, funcionamento permitido das 10h às 16h, de segunda à sexta;
  • Shoppings, de segunda a sexta, das 12h às 20h. alimentação em shoppings só poderão funcionar das 12h às 15h. Após esse horário, só delivery;
  • Galerias e centros comerciais, das 10h às 16h, de segunda a sexta. Os seviços de alimentação poderão funcionar das 11h às 15h. Após este horário, só delivery ou drive thru;
  • Restaurante e lanchonetes, das 11h às 15h. Após este horário, só drive thru, take away e delivery.
  • escritórios e co-workings, apenas 6h por dia de forma presencial;
  • materiais de construção, das 10h às 16h, de segunda a sexta. Nos finais de semana, apenas das 9h às 15h.
  • Hotéis e pousadas, apenas com 50% da capacidade.
  • Drive-in de filmes, apenas por 3 horas (uma sessão de exibição por dia)

O decreto estabelece ainda que deverão ser consideradas pelos proprietários a suspensão das seguintes atividades:

  • Cabeleireiros, manicure, pedicure e outros serviços de cuidados com a beleza
  • Atividade de higiene de animais domésticos
  • Serviços de alimentação de ambulantes
  • Serviços imobiliários
  • Feiras de Artesanatos
  • Outras atividades não relacionadas nos artigos acima mencionados e não consideradas como essenciais conforme o Decreto 470/20

Para todas as atividades as regras da Resolução 01 são obrigatórias.

A flexibilização dessas medidas fica condicionada à melhoria dos indicadores epidemiológicos e da rede de atendimento da cidade.


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