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Março é o mês do reajuste no aluguel! Como conseguir um valor camarada para os dois lados?

Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

O pagamento do aluguel é daquelas despesas fixas que pesa no bolso da gente, mas é preciso efetuar e negociar com transparência, equilíbrio e até mesmo com uma pitada de compaixão ao próximo. O valor mensal como de tantos outros produtos que circulam no país aumentou e pode ser reajustado em até 28,94% caso o proprietário decida aplicar integralmente a variação do IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) em uma renovação de contrato a partir deste mês de março.

O IGP-M, usado no reajuste dos contratos de aluguel, registrou inflação de 2,53% em fevereiro deste ano. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2021, o índice acumula taxas de inflação de 5,17%. Já no período de 12 meses a alta chega a 28,94%.

O índice é influenciado por oscilações do dólar e de cotações internacionais de produtos primários, como as commodities e metais. Sendo assim, um contrato de aluguel com aniversário em março poderá ser reajustado em até 28,94%, ou seja, o aluguel de abril vai ser mais caro. De R$ 1.500, o inquilino terá que tirar do bolso R$ 1.934.

De acordo como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros costumam utilizar 30% da renda no aluguel. Com a pandemia do novo coronavírus em que o salário foi reduzido ou mesmo cortado com a demissão, este número pode ter até aumentado.

Júlio Augusto Gonzaga, 60 anos, representante comercial, precisou conversar direto com a proprietária no começo do ano para seguir morando em condomínio no bairro Xaxim, em Curitiba. O aumento proposto pela proprietária ficaria perto de 25%. “Quando vi o reajuste fiquei assustado, mas ela entendeu a situação. Aumentou apenas 7% do valor e concordei naturalmente. Entendo que ela compreendeu o momento atípico que estamos enfrentando e foi tranquilo. Fizemos um novo contrato e não tive nenhuma dor de cabeça”, disse Júlio.

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Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

Como renegociar o aluguel

Uma renegociação contratual exige abertura e transparência para os dois lados – o inquilino e o proprietário ou mesmo para uma imobiliária.  A Tribuna do Paraná ouviu um especialista em negociação. Rômulo Daniel, 60 anos, é educador e terapeuta financeiro e ainda membro da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN).

Experiente no ramo e acostumado a verificar alterações financeiras no dia a dia das pessoas, acredita que o primeiro passo a ser dado é a verdade dos fatos. Demonstrar ao dono do imóvel a realidade é essencial.

“O tom da conversa faz toda diferença e se um combinado era bom no início, precisa estar adequado agora. Uma atualização é sempre positiva e o melhor caminho é a negociação. Chama para sentar e conversar, pois às vezes, o dono do imóvel só tem a renda do aluguel”, reforçou o educador financeiro.

Além de relatar a verdade na conversa, é importante informar ao proprietário o que está ocorrendo na vida do inquilino. Perdeu o emprego, teve redução na renda ou mesmo algum tipo de dificuldade pode ajudar na renegociação.

“Faça a comparação da renda de como era na assinatura do contrato e agora. Levante suas informações e procure verificar os valores cobrados na região até para levar isto para a mesa de negociação. O dono do imóvel está mais flexível, pois as pessoas perceberam que a realidade mudou. Além disso, existem programas ou feirões que auxiliam a negociação. Percebo ao longo dos anos, uma iniciativa do inquilino ou até mesmo no dono de trazer para a conversa o equilíbrio, transparência e foco”, completou Rômulo.