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Mãe internada na UTI com coronavírus dá à luz em parto de emergência

Arquivo Pessoal

Na última sexta-feira (4) uma grande mobilização, envolvendo dois hospitais de Curitiba, trouxe ao mundo a pequena Catarina, filha de Daiana e Helton. A mãe Daiana estava em estado grave, entubada com covid-19, na UTI do Hospital Vita. Como no local não há uma UTI Neo Natal, profissionais de outro hospital, o Santa Cruz, foram mobilizados para realizar uma cesárea de emergência e salvar a vida da pequena.

O parto foi um sucesso e Catarina foi encaminhada para o Hospital Santa Cruz, onde ficará internada até ganhar peso. A mãe da criança segue sedada e ainda não sabe do nascimento da menina.

A madrinha de Catarina e irmã de Helton, Tatiane Silva Lima, enviou, a pedido da Tribuna do Paraná, um relato em forma de crônica para contar um pouco mais dessa emocionante história. Uma família mobilizada, em corrente de oração, pela vida de Daiana e Catarina.

Leia mais a seguir:

A guerreira Catarina. Foto: Arquivo Pessoal

“A vida nem sempre permite planos. Ou nossas metas para 2020 teriam se concretizado.

Não teríamos visto o mundo virar de pernas para o ar.

Nem nos perdido em nossas angustias e incertezas em meia a essa louca pandemia.

Quem poderia prever um periodo tão turbulento com proporções gigantescas e globais que parecem não ter fim?

Fomos afastados do trabalho, das reuniões, dos encontros, dos momentos de lazer…

Ficamos confinados e cada vez mais desesperados.

Em meio a tudo isso buscamos formas alternativas de sobreviver com bom ânimo tentando alimentar esperanças

Criando situações para nos apegar e seguir em frente.

A gravidez da Carina nos chegou assim. Sem planejamento também.

Meu irmão, que é autônomo e tem uma empresa de sonorização, teve seus contratos cancelados e seus eventos suspensos logo no inicio da pandemia.

Sua esposa, professora da rede municipal de curitiba, entrou em home office.

E no dia dos namorados, sem poder sair pra jantar, comemos juntos – nós 4 – na minha casa. De repente, uma caixinha com uma chupeta dentro.

Era o anúncio de uma gravidez muito esperada.

Há quase dois anos tentavam. E após tratamento e investigações…souberam ter apenas 3% de chance real.

Abandonaram as expectativas.

O anúncio da gravidez foi um milagre.

Choramos muito, agradecemos e depositamos neste presente um super motivo para seguir em frente com otimismo.

Eu, que tinha apenas um irmão, aprendi a ter na minha cunhada uma irmã, uma parceira… Além de amigas, somos comadres!

Num ano de atividades virtuais e online, fizemos um chá revelação com transmissão ao vivo.

Caprichamos e nos divertimos muito ao anunciar, em uma live, que o bebê que estava vindo seria uma menina: Catarina – em homenagem a minha vó paterna, que morreu precocemente em seguida do seu ultimo parto.

O ano foi se arrastando, a barriga crescendo, nosso amor transbordando…

Até que na quinta-feira da última semana Daiana, em decorrência de muita dor no corpo, seguiu para a emergência de uma maternidade.

Nos dias seguintes ela fez o teste: covid-19.

Seu quadro agravou.

Começou a ser medicada.

Precisou fazer uso do oxigênio.

Sem melhora na saturação e com o quadro de agravando e exigindo muito do seu corpo sobrecarregado pela gestação, foi entubada.

O hospital que a recebeu não tinha obstetrícia, nem pediatria.

Catarina não poderia nascer ali.

Tentaram remoção.

Mas o quadro piorou e na troca de aparelhos, quase perdemos nossa Daiana.

Dois hospitais de Curitiba se mobilizaram para salvar a vida da Daiana e da Catarina: Vita da Lonha Verde e Santa Cruz.

Uma equipe de neonatologia do Santa Cruz foi até o Vita realizar o parto de emergência.

Catarina precisava nascer para que sua mãe pudesse lutar pela vida.

Na quarta-feira, 03 de dezembro – Catarina nasceu, às 13h, com 1.495kg

Ao ser removida para a UTI do Hospital Santa Cruz, saiu aplaudida por médicos e enfermeiros envolvidos.

Seguem lutando para sobreviver.

Mãe e filha em hospitais diferentes sendo muito bem assistidas. Recebem visitas em videochamadas do pai e esposo.

Uma corrente de oração foi mobilizada desde o internamento de Daiana e tem fortalecido meu irmão Helton, esse cara corajoso, que admitiu não ter dado o devido respeito ao vírus que quase tirou dele seu motivo de viver.

E já decidiu: sua filha será registrada Catarina Vitória.

No mais, como tia e madrinha, estou organizando uma super festa de recepção para as duas em casa.

Não houve chá de bebê. Não houve fotos de gestante.

Não se cumpriram os planos.

Mas há vida.

E por isso testemunhamos”.