Contato com humanos

Comportamento de macaco que atacou bebê aponta que ele pode ter vivido em cativeiro

Foto: Marco Charneski/Tribuna do Paraná.
Foto: Marco Charneski/Tribuna do Paraná.

A proximidade do macaco bugio com os moradores do condomínio de Araucária onde um bebê de um ano foi ferido pelo animal pode não ser ocasional. Capturado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) na última sexta-feira (7), o macaco está de quarentena em um criadouro na Região Metropolitana de Curitiba. Tanto pelo comportamento no prédio, quanto agora que está sob os cuidados de médicos veterinários e biólogos, há suspeita de que o primata já vivia em cativeiro.

O médico veterinário do Ibama Raphael Xavier explica que há mais de um indício que leva a crer que o macaco já tinha contato próximo com humanos. Primeiro, o fato de ser um animal adulto que vivia sozinho. “O bugio vive em grupo. Os animais que se isolam são machos idosos, expulsos do grupo, o que não é o caso”, explica Raphael. Pelo porte, aponta o veterinário do Ibama, o bugio de Araucária poderia até ser o líder de um grupo de macacos se vivesse livre na natureza. “Ele não é filhote e nem velho, é um bugio adulto. Então não tem por que ele não estar vivendo em grupo, o que realça a suspeita de que ele já vivia em cativeiro”, aponta.

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A alimentação também é outro fator que realça a suspeita. Em vez de comer folhas, que seria o normal da espécie na floresta, o macaco de Araucária se alimentava de frutas. Inclusive era isso que o aproximava dos vizinhos do bosque onde foi capturado. “Ele está acostumado a comer mamão, banana, tomate, o que não é o normal do animal livre”, explica o veterinário do Ibama.

O terceiro fator que leva a crer que o bugio não vivia como um animal selvagem é o fato de ele não estranhar a presença humana. O vídeo do macaco gravado pela câmera de segurança do condomínio quinta-feira (6) não só levou o Ibama a reforçar a tentativa de captura do animal, mas também enfatiza a suspeita de que o animal já vivia em cativeiro. Na imagem, o bugio se aproxima de crianças que brincam no parquinho do prédio, mas não as ataca. No caso do ataque ao bebê, que levou a menina de 1 ano a passar por cirurgia para reconstituir o couro cabeludo, a suspeita é de que a criança se assustou, o que à reação do animal. “O bugio é um bicho tranquilo, mas não ao ponto de se aproximar desta forma do homem”, diz Raphael.

Este último indício está sendo constatado também no refúgio para onde o macaco foi levado. Segundo Raphael, o animal não apresenta nenhum tipo de estresse que seria comum em animais selvagens apreendidos. “Nos três dias que está no cativeiro, o macaco não teve nenhuma reação de tentar fugir. Ele está tranquilo”, relata o veterinário.

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Destino

Sobre o destino do macaco capturado, o médico veterinário do Ibama explica que isso só vai ser definido após o período de quarentena, em que é observado não só o comportamento, mas também as condições de saúde do animal, por questões sanitárias. Inicialmente, o bugio não teve nenhum indício de que está doente.

Somente depois deste período é que os veterinários e biólogos vão decidir se o macaco será solto novamente na natureza, em uma área distante do condomínio de Araucária, ou se vai continuar em cativeiro. Se não retornar para a vida livre, o macaco pode ser encaminhado para instituições autorizadas pelo Ibama ou pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), como um zoológico, um mantenedor de fauna silvestre ou um criador.

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