Campeões na luta

Judocas de Curitiba com potencial olímpico usam criatividade pra treinar na pandemia

Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

Atletas de judô com potencial olímpico que treinam em Curitiba têm usado a criatividade para se manter ativos durante a pandemia de coronavírus (covid-19). Com a mudança do alerta da bandeira laranja para a amarela na capital, no dia 18 de agosto (que na última sexta-feira voltou a ficar laranja), os esportes de contato como o judô puderam retomar as atividades seguindo as regras sanitárias de controle da doença, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social. Com a retomada dos treinos presenciais na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), no Tarumã, a equipe de professores da modalidade usa até câmera de pneu para manter em forma os cerca de 50 atletas do grupo.

Segundo o professor Mauricio Neder, bicampeão mundial master de judô, os atletas começaram a treinar na AABB há dois meses. “O desafio de trabalhar com os atletas começou com propostas de aulas e desafios online. Mas não teve muita adesão”, contou Neder. Depois, com o retorno do treino presencial com restrições por causa do coronavírus (covid-19), a maioria dos atletas já voltou para o presencial e, de acordo com Neder, a equipe de professores segue as recomendações sanitárias à risca.

“Usamos a técnica de trabalho com sombra, quando o lutador simula um adversário. Todo mundo usa máscara, os exercícios físicos funcionais são feitos com distanciamento, em área externa, e adaptamos câmaras de pneus para usar em trabalhos mais específicos”, diz. As câmaras são usadas em duplas. Os atletas esticam o material e realizam os movimentos dos golpes em sequência. “Com isso, eles mantêm o distanciamento e conseguem trabalhar a força dos golpes”, explica Neder.

Por enquanto, apenas atletas com potencial para disputar campeonatos nacionais e internacionais – e que sonham com a Olimpíada – estão treinando. O curitibano João Vitor Pavesi Camelo, 17 anos, está classificado para a seleção brasileira de base sub-18 e iria lutar o circuito europeu. Veio a pandemia e os campeonatos foram paralisados. A bandeira laranja também interrompeu a série de treinos e o jovem não via a hora de voltar a vestir o quimono. “A gente tinha que ficar se virando em casa, em um treino físico funcional. Voltar a vestir o quimono, nem que seja para dar uma corrida, fazer um exercício com outros atletas, já ajuda a aliviar totalmente a tensão”, extravasa Camelo.

Mas mesmo com as regras sanitárias sendo cumpridas, no retorno aos treinos ainda havia uma insegurança dos atletas, que foi sendo superada. “No começo, dá aquela insegurança e o medo de sentir exposto ao coronavírus. Mas, com tempo, a gente vai sentindo confiança e vê que todo mundo está se protegendo e tomando os cuidados. Então, a gente fica mais tranquilo”, conta a atleta Vitória Vesentin Pereira, 19 anos, campeã regional brasileira da região 5 e campeã paraense sênior sub-21.

Mauricio Neder diz que há um pedido para as famílias manterem o isolamento social dos atletas. “A gente procura acompanhar cada um. Até por isso, ainda não abrimos o judô para a comunidade, mas há um projeto para isso, com grade de horários. Mas, por enquanto, só com o grupo fechado”, explica.

Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

João Antero, presidente da AABB, conta que o clube, além de cumprir com rigor as recomendações sanitárias para todos os esportes praticados lá, ainda está aprimorando a infraestrutura para o judô. “Ele chegou há dois meses atrás. A AABB não tinha judô. Agora que eles vieram, nós temos visto que temos atletas de ponta. Mas nós fizemos todo o tratamento que precisava. Temos medidor de temperatura, tapete sanitizante, álcool em gel e esperamos até que a bandeira mudasse. Então, a gente vai cuidar bem do ambiente, dar uma estrutura boa para eles, para que eles possam desenvolver o potencial de cada um”, ressaltou Antero.

O professor Alan Leandro Vieira, destaca que, no tatame, ocorrem treinos de mobilidade, também os ukemis – que são preparativos de queda –, sombra e fortalecimento do corpo dos atletas. O objetivo é mantê-los preparados para o retorno definitivo. “É para que a gente possa voltar com os atletas já readaptados a uma parte do treinamento”, aponta.

Ainda de acordo com Vieira, para manter a segurança dos atletas nesse espaço, a equipe de limpeza do clube sanitiza o tatame antes e depois de cada treinamento. “Além do uso da máscara e álcool em gel, também realizamos esse trabalho para garantir a segurança”, finaliza.

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