Cerca de 21,5 mil jovens entre 15 e 19 anos em Curitiba têm até o final de dezembro para receber gratuitamente a vacina contra o HPV pelo SUS. Até o momento, apenas 1.605 pessoas nessa faixa etária buscaram a imunização nas unidades de saúde da capital. O número é considerado baixíssimo, representando apenas 7,5% do público alvo nesse chamamento.
A ampliação extraordinária da faixa etária visa proteger aqueles que não receberam a dose entre 9 e 14 anos, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde. A vacina, que pode custar mais de mil reais por dose em clínicas particulares, está disponível gratuitamente nas salas de vacina do SUS.
A baixa procura preocupa a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, segundo Alcides Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia da SMS. “Desinformação e falta de percepção de risco são os principais fatores, além da barreira cultural e o estigma da sexualidade, bem como falta de incentivo e orientação dos pais”, disse à Tribuna.
O HPV (Papilomavírus Humano) é responsável pela infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Está associado ao desenvolvimento de quase todos os casos de câncer de colo de útero, além de outros tumores em homens e mulheres. A vacinação na infância e adolescência é considerada a melhor estratégia de prevenção.
O preço da omissão
A omissão na vacinação, especialmente quando a dose está disponível gratuitamente, é uma questão séria de saúde pública, segundo o representante da SMS. “O HPV está associado a quase 100% dos casos de câncer de colo de útero, 90% dos casos de câncer de ânus, 60% dos casos de câncer de pênis e uma proporção crescente de cânceres de boca e garganta. Esses cânceres são preveníveis por uma vacina”, explica.
As pessoas que acabam desenvolvendo essas doenças a partir da contaminação pelo HPV geram um problema que seria evitável para o sistema de saúde. “O tratamento de um câncer ou de lesões pré-cancerosas é caríssimo, doloroso e gera um alto impacto social e emocional na vida do paciente e de sua família. O preço de uma dose particular (R$ 1.000+) é minúsculo em comparação ao custo de uma vida de tratamento oncológico”, contou Alcides.
Em 2025, Curitiba atingiu 100% de cobertura vacinal contra o HPV para a faixa etária de 9 a 14 anos, resultado de estratégias como busca ativa de faltosos e vacinação em escolas. Agora, o desafio é imunizar o público de 15 a 19 anos, majoritariamente masculino, considerado faltoso pelo Ministério da Saúde e dono dos números alarmantes que abrem esta matéria.
O foco da Saúde Pública para reverter essa baixa adesão é continuar as campanhas de comunicação, desassociando a vacina da moral sexual e focando na prevenção do câncer para ambos os sexos, além de usar estratégias de busca ativa mais eficazes para o público adolescente, como a vacinação em locais de grande circulação de jovens (universidades, shopping centers, eventos).
A janela de gratuidade está no fim e depois disso apenas a rede particular terá a vacina disponível. Os interessados podem verificar os locais de vacinação no site Imuniza Já Curitiba.



