Nova tendência

Interesse por CNH diminui e procura por imóveis sem garagem dispara em Curitiba

Foto: Gabriel Rosa / Arquivo Digital

Sem garagens e próximos aos pontos de ônibus. Cada vez mais comuns entre locatários, estes dois requisitos têm feito parte da lista de exigências feitas às imobiliárias, por consumidores que procuram imóveis para alugar em Curitiba e Região Metropolitana. A tendência acompanha um movimento de mercado crescente no Brasil, que já sinalizava uma nova forma de morar, principalmente nos últimos cinco anos, mas que ganhou ainda mais força no período pandêmico.

Os motivos são vários: a migração do trabalho presencial para o home-office, a alta no preço dos combustíveis, a crise do setor automotivo – que freou a venda de veículos novos no país em 2021 e até o crescente desinteresse dos jovens em obter a carteira nacional de habilitação (segundo o Detran/PR de janeiro de 2019 para janeiro de 2020 o número de emissões de CNHs diminui 15% no estado).

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As profundas adaptações impostas à rotina nos últimos dois anos, refletiram diretamente na procura por moradias sem vagas de garagem, que aumentou 12% em Curitiba no ano de 2021, em comparação com 2019. O levantamento, feito junto a 60 imobiliárias de uma das principais redes de franquias imobiliárias do Paraná, a Apolar Imóveis, também indica que, de janeiro a março, a procura por este tipo de imóvel aumentou 30% na capital paranaense em 2022, em relação ao mesmo período do ano passado.

A tendência acompanha o movimento nos principais centros do país, como São Paulo, onde a procura por apartamentos sem garagem e próximos às estações de metrô, tem transformado as ofertas do mercado imobiliário. Segundo dados do Secovi-SP, imóveis livres de garagem representaram 44% dos lançamentos feitos no ano passado. Número 113% maior que em 2019, quando 29% dos imóveis não contavam com o utilitário.

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Movimentação semelhante acontece em Belo Horizonte, onde, segundo levantamento realizado pelo jornal Extra, a procura pelos imóveis sem garagem aumentou 25% no primeiro trimestre de 2021.

Garagem “de enfeite”

A jornalista Paula Fernandes mudou-se para Curitiba há 3 anos. Na busca por um apartamento, a garagem foi item dispensável. “Quando vim para Curitiba eu primava pela localização e por um imóvel seguro. Tive a sorte de encontrar um lugar que oferecia o que eu precisava, num bairro próximo do centro, arborizado, com boa incidência solar e ventilado. Nunca considerei ter garagem como um diferencial, porque não tenho carro e não pretendo ter nos próximos anos, mas como o aluguel da garagem era inerente ao apartamento, acabei alugando com a garagem mesmo. E lá ela fica, de enfeite”, afirma.

Segundo Paula, os gastos decorrentes da aquisição de um veículo não compensariam. Sendo incompatíveis com seu estilo de vida e rotina. “Prefiro investir esse dinheiro em um apartamento melhor”, conclui.

Um novo momento para as imobiliárias

Segundo Jean Michel Galiano, diretor da rede Apolar, a tendência tem ganhado força, principalmente entre os jovens que alugam imóveis na região central da cidade. “O que temos verificado em termos de locação é que, com o retorno das atividades normais, boa parte dos jovens universitários que procuraram a rede para alugar apartamentos, preferiram aqueles que não possuíam garagem.

Da mesma forma, nos dois últimos grandes empreendimentos lançados pela rede no Centro de Curitiba, percebemos esta queda na busca pelas garagens. Pra se ter ideia, num deles, todos os 90 apartamentos foram vendidos mas 15 garagens permaneceram livres”, revela.

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O diretor observa ainda que, por economia de espaço e também de dinheiro, muitas pessoas têm aderido a modais alternativos para transporte, como as motos elétricas. “A facilidade de compra, a sustentabilidade e a economia destes veículos representam grande vantagem. Menores e compactos, esses modais têm circulado com frequência cada vez maior nas grandes cidades o que leva o setor imobiliário a questionar a viabilidade das garagens tradicionais em termos de espaço. O segmento tem a atenção voltada a este movimento e se prepara para um novo momento, no qual talvez, as garagens figurem como coadjuvantes na hora de vender ou alugar um imóvel”, finaliza.

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