E agora?

Incertezas rondam vestibular da UFPR, no próximo domingo, após suspensão do concurso da Polícia Civil

UFPR vestibular
Foto: Arquivo/Hedeson Alves

O cancelamento do concurso da Polícia Civil poucas horas antes de a prova ser aplicada domingo (21) gerou uma onda de preocupação entre os candidatos do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), marcado para o próximo domingo (28).

Isso porque a falha que gerou o cancelamento do concurso foi do mesmo setor que organiza o vestibular, o Núcleo de Concursos da UFPR, cujo diretor, Altair Pivovar, foi demitido do cargo e substituído temporariamente por outro servidor, Alexandre Trovon. Pivovar segue sendo professor da UFPR. O cancelamento da prova causou transtorno aos 106 mil candidatos, em especial os de fora de Curitiba. Mais da metade dos candidatos era de outros estados, em um total de 55%, e havia ainda os inscritos do interior do Paraná.

Procurada pela reportagem, até as 10h30 desta segunda a assessoria de imprensa da UFPR ainda não tinha um posicionamento sobre o vestibular. É provável que a questão seja discutida em reunião da nova diretoria do Núcleo de Concursos nesta segunda-feira (22).

Enquanto a UFPR não se posiciona sobre as condições de realização do vestibular, nas mídias sociais os vestibulandos demonstram preocupação. “Se a UFPR já cancelou a prova da Polícia Civil, as chances de ela cancelar o vestibular me assustam”, postou um vestibulando no Twitter. “Medo de ir pra Curitiba e cancelarem o vestibular domingo às 5h. O que foi isso UFPR?”, questiona outra internauta de fora da cidade, referindo-se ao horário em que o Núcleo de Concursos avisou do cancelamento da prova da Polícia Civil, na madrugada de domingo.

“Se a UFPR cancelar esse vestibular nessa altura do campeonato eu não consigo nem imaginar o surto”, postou outra candidata preocupada. “Vestibular da UFPR, estou te implorando para não mudar de data. Por favor, eu já comprei passagem”, postou mais uma candidata de fora de Curitiba.

Processo do governo do Paraná

O governo do Paraná vai abrir processo administrativo por quebra de contrato contra o Núcleo de Concursos da UFPR. Segundo o estado, o Núcleo “decidiu unilateralmente suspender a aplicação das provas agendadas para este domingo (21), poucas horas antes do início do concurso e sem qualquer notificação anterior”, afirma a Polícia Civil em nota.

Além de indenização, o processo pode acarretar também o impedimento do o Núcleo ser contratado pelo governo do estado do Paraná por dois anos. “Contratamos uma universidade de renome. Nunca nos passou pela cabeça que, com a experiência que tem a instituição na aplicação de provas, realização de vestibulares, pudesse numa situação dessa demonstrar uma falta de planejamento, uma falta de organização que nos causa uma surpresa tremenda”, declarou o delegado-geral da Polícia Civil, Silvio Jacob Rockembach, após o cancelamento.

Falta de termômetros e aglomeração

Somente em cima da hora o Núcleo de Concursos da UFPR constatou que não tinha condições de aplicar o concurso da Polícia Civil em 400 pontos em Curitiba e região metropolitana. Os termômetros encomendados para medir a temperatura dos candidatos para verificar sintomas de febre causada pela Covid-19 só chegaram sábado (20) e mesmo assim muitos estavam sem pilhas.

A grande quantidade de desistência de pessoas que aplicariam a prova, por medo de se infectarem com o coronavírus, foi outro problema. O terceiro seria a falta de condições em alguns locais onde o concurso seria aplicado, como no caso de escolas em obras.

A suspensão da prova acabou causando justamente o que a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba estava preocupada desde a semana passada dentro do cenário de pandemia: aglomeração. Entre o fim da manhã e o começo da tarde de domingo, houve muito corre-corre de candidatos na rodoviária de Curitiba em busca de passagens para voltarem para casa.

“Hoje [domingo], às 5 horas da manhã, o celular começou bipar com um monte de mensagens e a gente não acreditou. Foi o maior sacrifício para a gente vir e na véspera da prova, horas antes, vem essa bomba. É muita sacanagem”, desabafou em entrevista à Tribuna do Paraná o candidato Fábio Vinícius dos Santos, 30 anos, que trabalha como motorista de aplicativo em Brasília.