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Hospital de Curitiba faz cirurgia robótica inédita em criança com câncer

cirurgia robótica Erastinho
A cirurgia feita com o robô Da Vinci, foi uma nefrectomia radical por um câncer renal infantil. Foto: Colaboração/Francielle Ferrari

Uma criança de apenas 4 anos, paciente do Erastinho, foi submetida a uma cirurgia robótica inovadora em Curitiba. O procedimento é o primeiro realizado em uma criança com menos de 10 anos no Sul do Brasil e também foi um dos primeiros em casos oncológicos pediátricos a empregar essa tecnologia no país. A cirurgia ocorreu no dia 7 de junho, no Hospital Erasto Gaertner – referência em atendimento exclusivo a pessoas com câncer.

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A operação consistiu na retirada do rim com tumor do pequeno paciente do Erastinho, que já tinha passado pela primeira etapa do tratamento, com a quimioterapia. Com recuperação bastante satisfatória segundo os médicos, ele pôde ter alta apenas 40 horas após a intervenção.

Menos invasiva, a operação robótica foi apresentada à família da criança como opção viável, por proporcionar uma recuperação mais rápida e assegurar um elevado índice de precisão nas manobras, entre outras vantagens elencadas pela equipe médica. A incisão abdominal também é menor do que nas cirurgias convencionais, o que melhora a recuperação cirúrgica e reduz a dor.

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Feliz com o sucesso da cirurgia, a mãe da criança, a cirurgiã dentista Gabriela Vieira Silva Tartaro, de 31 anos, falou sobre a decisão em optar por este tipo de procedimento. “Foi uma surpresa saber que ele poderia ser operado pelo sistema robótico. Nós já tínhamos ouvido falar, mas só fomos conhecer detalhes agora. Saber que era um meio mais preciso, menos invasivo foi o ponto chave para a nossa decisão”, disse mãe.

Segundo ela, os momento vividos após procedimento foram melhores que o imaginado. “O pós-operatório foi surpreendente, mesmo ficando um dia na UTI ele já conversava e não sentia dor. No segundo dia, já estava andando e fomos transferidos para o quarto, ele até brincou de bola com médico, de maneira muito cuidadosa. Foi muito satisfatório vê-lo bem, tendo uma vida praticamente normal, mesmo poucas horas depois de um procedimento tão difícil”. Para ela, a mensagem que fica é a de que todos possam ter essa oportunidade de qualidade de vida no tratamento desta “doença que já é tão difícil e limitante para crianças, que já precisou se afastar de toda a rotina familiar e escolar para se tratar”, disse.

Cirurgia pioneira

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A cirurgiã pediátrica Vilani Kremer e seu pequeno paciente. Foto: Colaboração/Francielle Ferrari

No Erastinho, a equipe que executou a cirurgia foi composta pela cirurgiã pediátrica Vilani Kremer, especialista em oncologia; os uro-oncologistas Murilo Almeida Luz e Jonatas Luiz Pereira; o fellow em urologia Rodolfo Barquet Meorin e os anestesistas Daniel Eduardo Cipoli e José Luis Astigarraga Maidana.

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“O trabalho seguiu bastante tranquilo, com tempo cirúrgico abaixo do relatado na literatura. Foram duas horas e 23 minutos de uso do robô para a extração. Além do pioneirismo no Sul do país, a cirurgia foi uma das primeiras realizadas para a retirada de tumor pediátrico no país”, explica a médica Vilani Kremer, que é a segunda especialista do Brasil a realizar a cirurgia robótica oncológica, de acordo com a empresa responsável pelos sistemas robóticos.

Ainda segundo a médica, esta cirurgia que é mais comum em adultos pode ser aplicada com sucesso na pediatria. “Já bastante difundida para tratamentos em adultos, essa tecnologia vem ganhando espaço para uso em criança contra diversas patologias, como as urológicas e as do trato gastrointestinal”, reforça a cirurgiã pediátrica.

Vantagens para o paciente

A cirurgia no paciente do Erastinho, feita com o robô Da Vinci, foi uma nefrectomia radical por um câncer renal infantil conhecido como Tumor de Wilms, explica o médico Murilo Luz. “Além de ser um procedimento menos invasivo, esse tipo de operação tem nos mostrado que resulta em menos sangramento durante o pós-operatório para as crianças, um benefício muito relevante”, ressalta uro-oncologista e cirurgião oncológico.

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Robson Coelho, médico e diretor técnico do Erastinho, também celebra a boa recuperação do pequeno paciente e ressalta um outro fato positivo: a transfusão sanguínea mostrou-se desnecessária. “Geralmente, precisa-se de pelo menos uma bolsa de sangue quando os pacientes são submetidos a cirurgias abertas convencionais. Outra vantagem da cirurgia robótica foi a minimização de dor, devido à técnica menos invasiva e a uma anestesia específica para esse procedimento. A criança não sentiu dor no pós-operatório na UTI e necessitou de pouca analgesia no quarto. Foram retirados o tumor inteiro e os linfonodos. O material seguiu para análise para a partir daí ser estabelecido o tratamento do paciente.”

médicos Erastinho
Equipe médica responsável pela cirurgia. Foto: Colaboração/Francielle Ferrari

A precisão do robô Da Vinci garante maior segurança também contra lesões em órgãos adjacentes, artérias e veias, e há menor risco de infecção, devido à pequena área de abertura, afirmam os especialistas. Os pacientes têm de passar por uma análise prévia a fim de que a equipe médica defina se estão aptos para a cirurgia com essa tecnologia. O elemento limitante que contraindique a cirurgia, em alguns casos, pode ser o tamanho da criança, caso não seja adequado para as pinças usadas. 

“A tendência é que, com o avanço da tecnologia, a cirurgia robótica seja indicada também para outras patologias, nas quais se definia fazer cirurgias abertas ou, como na atualidade, por vídeo. O Erasto faz de Curitiba um polo de especialização de cirurgiões robóticos”, pontua Coelho.

Diante do sucesso da cirurgia celebrado pelos médicos, dos avanços que a tecnologia proporciona para os pacientes oncológicos e do pioneirismo de Curitiba, a médica Vilani Kremer afirma: “Minha satisfação é sempre ver a rápida recuperação da criança, a alegria da família e, ainda, depois de anos, continuar recebendo notícias delas”.