Neste cenário caótico da economia, uma das alternativas para driblar os preços altos e a inflação são as “gulas”. Os pequenos mercados que vendem frios, congelados, laticínios e embutidos a preços baixos, com data de validade prestes a expirar, se tornaram populares e chegaram a muitos bairros de Curitiba. Com promoções do tipo leve três unidades por R$ 10, esses estabelecimentos atraem quem precisa economizar, principalmente em tempos de crise.

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A dona de casa Ruth Cordeiro não faz caso do prazo de validade curto. “Nem presto atenção. Meus netos comem tudo tão rápido que nem dá tempo de vencer”, diz. A diarista Airana Correia é freguesa das “gulas”, onde compra toda semana. “Sai muito mais barato do que no supermercado, então a gente aproveita. Dá pra vir rapidinho, é perto de casa”, comenta. A proximidade dos mercados do segmento, espalhados pelo Cajuru, é vantagem para a vendedora Michele Morais. “Venho duas, três vezes na semana. Se a validade está muito curta, compro em pouca quantidade, e depois volto pra levar mais”.

Preço baixo

Os fornecedores repassam o “fifo”, termo usado para produtos com validade curta, a valores mais baixos por não conseguirem vendê-los para mercados normais. Antes do surgimento das “gulas”, essa mercadoria era incinerada, conta a proprietária de um armazém do segmento no Cajuru, Marli Folner dos Santos.

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“Como são produtos que seriam descartados, conseguimos negociar bastante. Nas outras mercadorias, com prazo de validade normal, colocamos uma margem de lucro pequena, para vendermos em grande quantidade e ganharmos no volume, no giro”, explica. É o caso do pacote de pão de forma, por exemplo, que é comercializado nas “gulas” com o mesmo prazo de validade que em outros estabelecimentos, mas com preço menor.

A dona de casa Ruth Cordeiro não faz caso do prazo de validade curto.

Crise também impacta as “gulas”

As lojas do segmento geralmente são pequenas, com poucos funcionários. “Não temos muitos custos, então dá para manter nossa margem de lucro pequena, conseguimos vender barato”, diz Marli. No entanto, a crise econômica também impacta as “gulas” “Só neste ano, seis fábricas de um dos nossos fornecedores fecharam. As empresas reduziram a produção, então não sobra mais tanto produto com validade curta.” Há seis anos, quando abriu a loja, Marli conseguia vender uma bandeja de iogurte por R$ 1, três potes de requeijão por R$ 5, valores inviáveis atualmente.

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Outro fator que contribui para a escassez do “fifo” é o aumento da concorrência, diz Marli. “Seis anos atrás, só havia o meu mercado aqui no Cajuru. Hoje, são mais de 20”, contabiliza. Dono de outra “gula” no bairro, Vanderlan dos Santos Lima conta que os produtos de validade curta estão cada vez mais raros no mercado. “De dois anos pra cá ficou difícil de achar, tive que diversificar as mercadorias. Hoje, o fifo representa de 20% a 30% do que vendo”.

Dicas de segurança

Consumir produtos com a data de validade prestes a expirar é seguro, desde que se observe as condições de conservação do alimento, frisa a coordenadora da Vigilância Sanitária, Francielle Cristine Dechatnek Narloch. “Por se tratar de perecíveis, não é só a questão da validade, mas a forma de conservação desse produto também é importante”, afirma. Nas “gulas”, a data de ,validade dos alimentos deve estar informada de maneira visível ao consumidor.

Serviço

Cia Da Gula
Endereço: Av. Florianópolis, 160 – Cajuru, Curitiba – PR

Armazém da Gula
Endereço: Loja. – R. Eng. Costa Barros, 865 – Cajuru, Curitiba – PR, 82950-420

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