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Com frio intenso, FAS reforça abordagem pra levar moradores de rua pra abrigos

Morador de rua dormindo em ponto de ônibus. Foto: Aniele Nascimento / arquivo Gazeta do Povo.

A onda de frio intenso que chega nesta próxima sexta-feira (21) pode deixar a noite dos curitibanos um pouco desagradável, mas pode ser resolvido com agasalhos e algumas cobertas a mais. No entanto, a preocupação maior está entre os que moram nas ruas da cidade. Por isso, a Fundação de Ação Social (FAS) intensificou a abordagem nesses tempos de frio intenso, chuva e pandemia.

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Diferente dos outros anos, quando apenas a queda de temperaturas abaixo dos 9 ºC era o sinal para aumentar o número de abordagens nas ruas, a FAS tem intensificado o acolhimento de moradores de rua desde o início de junho. “Estamos fazendo todos os dias essa intensificação de abordagem, com 14 equipes. Esse ano a gente já realizou 17 mil atendimentos, entre março e julho”, explicou Vanessa Resquetti, diretora de atenção à população em situação de rua da FAS. 

Segundo a prefeitura, são 1.450 vagas em abrigos de Curitiba, sendo 345 em casas de passagem, 300 em hotel social, 143 acolhimentos em rede parceira e 662 em acolhimento institucional. O direcionamento dos moradores de rua são feitos pelas equipes que ficam de ronda pela cidade e também por meio de chamados vindos da Central 156. 

Por causa da pandemia, as kombis que fazem o serviço de encaminhar os moradores até o abrigo estão transportando apenas duas pessoas de cada vez, e não mais seis, por restrições sanitárias da covid-19. “Na abordagem, nós conversamos com a pessoa, checamos a temperatura, perguntamos se tem algum sintoma gripal. A equipe faz uma avaliação da saúde da pessoa. Se tiver sintomas, nós encaminhamos para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Se for mais grave, SAMU”, esclarece a diretora.

Quem recusa atendimento e encaminhamento é monitorado pela equipe da FAS durante a madrugada. “Quando a pessoa tem transtorno mental ou é idosa e recusa encaminhamento, a gente monitora a noite toda. Vai conversar com a pessoa, saber como ela está, trocando informação, para saber se não tem risco de hipotermia”, conta. Em caso de falta de agasalhos nos dias de frio, a equipe entrega aos moradores de rua cobertores e roupas quentes. “Fazemos essa redução de danos”, reitera.

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Cuidado redobrado na pandemia

Por causa do novo coronavírus, os moradores de rua estão recebendo abordagens educativas sobre como prevenir e se cuidar diante da pandemia. Os educadores realizam a medição de temperatura e oferece álcool em gel. “Eles recebem orientação antes de entrar na kombi, ganham máscara, e depois uma nova orientação na unidade de saúde. Fazem a lavagem das mãos, tomam banho, trocam de roupa, para aí então entrar nos espaços coletivos”, explica Resquetti. 

Por causa dos dias de chuva, a diretora conta que grande parte das vezes os moradores chegam nos abrigos muito molhados, o que faz com que a doação de roupas seja muito importante. “A gente acaba precisando da ajuda do Disque Solidariedade para roupas masculinas, cobertores, roupas de cama, meias. O nosso maior público são homens, apenas 11% dos atendimentos são de mulheres. E a roupa que a gente menos recebe é a masculina”, revela. 

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Como doar

Além das roupas masculinas, a FAS também precisa da doação de cobertores, calçados, chinelos, roupas de cama. “São necessidades que a gente sempre tá precisando”, explica. Para garantir conforto a quem passa frio, a diretora reforçou para que as peças doadas estejam em bom estado de conservação. “Muita gente manda coisa muito estragada, suja. A gente depende das doações. Nós não temos como sair para comprar tênis”, ressalta.

As doações para o Disque Solidariedade podem ser entregues diretamente na sede da FAS que fica na Rua Eduardo Sprada, 4.520, no Campo Comprido. Doações maiores, que envolvem móveis, podem ser informadas por meio da Central 156.