Primeiros sinais

Escolas de ensino infantil sofrem com a crise do coronavírus e já apresentam demissões

Foto: Pixabay.

As consequências da pandemia do novo coronavírus afetam vários setores da economia. Entre os primeiros a dar sinais, os centros de educação infantil particulares já vêm sofrendo com as medidas de isolamento social. No Brasil, a educação básica é obrigatória dos 4 aos 17 anos de idade. E por isso, várias creches particulares estão com dificuldades em manter seus pequenos matriculados.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Profissionais das Escolas Particulares do Paraná (Sinpropar), Jorge de Andrade, quase todos os funcionários de escolas que estavam em fase de experiência foram demitidos. Faxineiros, inspetores e seguranças das escolas foram os primeiros a serem demitidos. 

LEIA TAMBÉMFrio pode potencializar a disseminação do coronavírus na região Sul

Para a presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), Esther Cristina Pereira, a situação dos centros infantis é a mais complicada. Isso porque manter as crianças pequenas matriculadas nas escolas tem sido mais difícil. “A gente tem pais que não pagaram a mensalidade nem do mês de abril. Nenhuma escola pediu para fechar ainda, mas elas estão se reinventando”, comenta ela. 

Dificuldade em manter o vínculo

Como manter os pequenos de 0 a 3 anos de idade matriculados? De acordo com Esther Pereira, os centros educacionais têm se conectado muito com as famílias, principalmente com conteúdos on-line para unir pais, professores e crianças. “A gente sabe que a educação infantil não tem legalmente o compromisso de aula dada. Mas manter a conexão faz com que as crianças não se esqueçam da professora, esse trabalho não pode se perder”, desabafa Esther. 

Para a presidente do sindicato, os pais precisam apoiar a escola nesse momento. “Agora que as coisas não estão bem, vão deixar a gente na mão? Não vamos viver uma pandemia a vida inteira. E quando isso tudo acabar, as crianças vão precisar de uma escola para ficar. Então manter o vínculo com a escola agora vai também muito da ética de cada mãe e pai”, desabafa.

Além do apoio às escolas, a presidente relembra também a importância do ensino infantil para as crianças pequenas. “Educação infantil não é só brincadeira. É limite, é disciplina, coordenação motora, é uma série de aprendizados. Para quem é leigo, acha que a criança vai para escola só para brincar. Quem é da área sabe que a criança está aprendendo”, salienta.

Renegociações em matrículas

Como a crise afeta vários setores da economia, várias escolas estão reanalisando contratos e reparcelando as mensalidades. “Estamos criando novos caminhos, porque a gente sabe que não está fácil também para muitos pais. Mas é preciso entender que é só um momento”, comenta a presidente do sindicato. 

De acordo com Esther, 65% do gasto da escola vem do pagamento de professores e funcionários. E para continuar com as atividades, muitos centros infantis tem diminuído a carga horária dos funcionários e até procurado financiamentos para se manter. E caso os pais venham a cancelar a matrícula dos filhos, a presidente da entidade lembra que as crianças acima de quatro anos precisa estar devidamente matriculada, já que educação infantil é obrigatória de acordo com a Constituição Federal. “A maioria dos pais não sabem, mas crianças acima de quatro anos não podem ficar sem matrícula”, lembra.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna