Um estudo do Conselho Federal de Medicina (CFM) com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, mostra que Curitiba foi a terceira capital do país que mais perdeu leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos oito anos. Nesse período foram desativados na capital paranaense, segundo o levantamento do CFM, 849 leitos do sistema público. A cidade tinha 3.594 em 2010 e chegou em maio de 2018 com somente 2.745. Curitiba só perdeu para a cidade do Rio de Janeiro, onde foram desativados 4.095 leitos, e Fortaleza, que teve queda de 904 leitos.

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A análise do CFM mostra ainda que 22 estados perderam leitos nos últimos oito anos. O Paraná foi o sexto mais foi afetado. O estado tinha 20.903 leitos em 2010 e em maio deste ano contava com apenas 19.282, uma redução de 1.621 leitos.

O estado que mais perdeu foi o Rio de Janeiro, com a desativação de 9.569 mil leitos desde 2010. Na outra ponta, apenas cinco estados apresentaram evolução positiva no cálculo final de leitos SUS: Rondônia (629), Mato Grosso (473), Tocantins (231), Roraima (199) e Amapá (103).

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De acordo com os dados do CFM, no período analisado, a cada dia cerca de 12 leitos de internação deixaram de atender pacientes pelo sistema em todo o Brasil. Os leitos de internação são destinados a quem precisa permanecer num hospital por mais de 24 horas. Segundo as informações apuradas pelo CFM, só nos últimos dois anos, mais de oito mil unidades desta natureza foram desativadas.

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No total, de acordo com dados do CFM, nos últimos oito anos mais de 34,2 mil leitos de internação foram fechados na rede pública de saúde. O levantamento mostra que em maio de 2010 o país dispunha de 336 mil desses leitos para uso exclusivo do SUS. Agora, em maio de 2018, o número baixou para 301 mil.

Especialidades

O CFM também analisou as especialidades mais afetadas. Psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia e cirurgia geral estão entre as que mais sofreram com a redução. As únicas que tiveram aumento superior a mil leitos, segundo o levantamento, foram os leitos destinados à ortopedia e traumatologia.

“Enquanto os gestores seguem fechando leitos em todo o país, milhares de brasileiros aguardam na fila do SUS para realizar uma cirurgia eletiva, conforme demonstrou estudo divulgado pelo no fim do ano passado”, criticou o presidente do CFM, Carlos Vital, em comunicado divulgado pelo conselho. Para Vital, as informações “revelam o impacto do mau uso das verbas disponíveis e da má gestão administrativa do Sistema”.

“Neste ano em que o SUS – patrimônio nacional – completa 30 anos, é preciso encontrar soluções eficazes que permitam a consecução de plena assistência, com respeito aos direitos humanos e qualidade”, acrescentou o 1º secretário do CFM, Hermann von Tiesenhausen. Para ele, o quadro delineado revela a face negligenciada do SUS, que, sem a adoção de medidas efetivas, continuará provocando atrasos em diagnósticos e em inícios de tratamentos.

Outra constatação feita a partir dos números oficiais é que enquanto os 160 milhões de brasileiros que dependem exclusivamente do SUS perderam 10% dos leitos públicos desde 2010 (34,2 mil), as redes suplementar e particular aumentaram em 9% (12 mil) o número de unidades no mesmo período.

O resultado do estudo será encaminhado para ciência e providências ao Congresso Nacional, Ministério Público Federal (MPU) e Tribunal de Contas da União (TCU).

Ih, gripei!