Covid-19 avança

Em carta, hospitais de Curitiba e RMC alertam sobre gravidade da pandemia e limite nos atendimentos

Hospital do Trabalhador de Curitiba
Hospital do Trabalhador, em Curitiba. Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Com leitos de UTI e enfermaria lotados, nesta que é a pior fase da pandemia de covid-19 no Paraná – desde seu início em março do ano passado – hospitais de Curitiba e região metropolitana divulgaram nesta terça-feira (16) uma carta aberta à população. No documento, diretores de 28 hospitais locais fazem um alerta sobre o limite na capacidade de atendimento e reforçam que o momento é dramático. Segundo eles, a covid-19 é “um inimigo invisível e devastador, que não distingue escolaridade, raça, credo, ou poder aquisitivo”.

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Com o maior número de casos ativos e de óbitos por covid-19, além da circulação de novas variantes do novo coronavírus, os hospitais também afirmam que a infraestrutura de atendimento e o aumento no número de leitos têm sido cada vez mais exigidos. No entanto, mesmo após a ampliação de leitos em hospitais públicos e privados de Curitiba e região, ainda há muitos pacientes críticos em unidades de emergência aguardando por vagas nas Unidades de Terapia Intensivas.

Em Curitiba, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado na segunda-feira (15), a taxa de ocupação dos 469 leitos de UTI SUS exclusivos para covid-19 está em 97%. Nos 840 leitos clínicos a ocupação é a mesma, com taxa de 97%. Na cidade, ainda segundo o informe da Secretaria Municipal da Saúde, o total de casos ativos era de 14.271, nesta segunda.

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Diante deste cenário, os diretores técnicos dos hospitais afirmam que vêm a público para demonstrar suas preocupações quanto ao esgotamento dos recursos para manter o atendimento dentro dos padrões exigidos, mesmo em Curitiba, “que tem um sistema de saúde muito bem organizado e reconhecido nacionalmente”.

“Neste momento, estamos extremamente limitados para novas ampliações, ou por falta de infraestrutura (espaço físico, equipamentos) ou ausência de equipes para operacionalizar outros espaços. Nossas equipes têm atuado de forma dedicada e competente para manter o atendimento aos que necessitam, mas a sobrecarga de trabalho e a duração desta pandemia tem abatido a energia de todos, no entanto, continuamos atuando por responsabilidade profissional, solidariedade e heroísmo”, diz a carta.

Apoio ao lockdown

Para os hospitais, o lockdown, mesmo que duro e impopular, é uma medida indispensável para interromper o avanço descontrolado do contágio por covid-19 e evitar o colapso do sistema de saúde da capital, enquanto Curitiba ainda aguarda pela chegada de um maior número de vacinas. “Tal atitude garante o distanciamento social obrigatório e a redução da transmissibilidade do vírus, caso contrário, não haverá leitos em quantidade suficiente para atender a população”, alerta o documento.

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Assinam a carta diretorias médicas do Hospital Angelina Caron, Hospital Cardiológico Constantini, Hospital Cruz Vermelha, Hospital das Nações, Hospital de Infectologia e Retaguarda Clínica Oswaldo Cruz, Hospital de Olhos do Paraná, Hospital de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, Hospital do Idoso Zilda Arn, Hospital do Rocio de Campo Largo, Hospital do Trabalhador, Hospital Erasto Gaertner, Hospital INC – Instituto de Neurologia de Curitiba, Hospital IPO – Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia, Hospital Marcelino Champagnat, Hospital Nossa Senhora das Graças, Hospital Pequeno Príncipe, Hospital Pilar, Hospital Santa Madalena Sofia, Hospital São Lucas de Campo Largo, Hospital São Lucas de Curitiba, Hospital São Vicente, Hospital Sugisawa, Hospital Universitário Cajuru, Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, Hospital Vita Batel, Hospital Vita Curitiba, Hospital XV e Santa Casa de Curitiba.

Leia a carta na íntegra:

“Alertamos os nossos clientes/usuários que o momento da Pandemia Covid 19 é dramático, trata-se de um inimigo invisível e devastador, que não distingue escolaridade, raça, credo, ou poder aquisitivo. O total de casos ativos e de óbitos é o maior desde o início da pandemia. Com as novas cepas mais transmissíveis, temos maior número de pessoas doentes, como o vírus não circula sozinho ele precisa de contato entre as pessoas para disseminar a doença, por consequência, exigindo mais leitos e infraestrutura de atendimento.

Para atender a crescente demanda, leitos foram ampliados nos hospitais públicos e privados de Curitiba e Região Metropolitana, e todos estão já ocupados inclusive estamos com pacientes críticos em unidades de emergência aguardando vagas nas Unidades de Terapia Intensivas.

Neste momento, estamos extremamente limitados para novas ampliações, ou por falta de infraestrutura (espaço físico, equipamentos) ou ausência de equipes para operacionalizar outros espaços. Nossas equipes têm atuado de forma dedicada e competente para manter o atendimento aos que necessitam, mas a sobrecarga de trabalho e a duração desta pandemia tem abatido a energia de todos, no entanto, continuamos atuando por responsabilidade profissional, solidariedade e heroísmo.

Os diretores Técnicos dos hospitais, cientes da sua responsabilidade de garantir a segurança da assistência e zelar pela boa pratica médica de suas equipes vem a público demonstrar a sua preocupação quanto ao esgotamento absoluto dos recursos para manter o atendimento dentro dos padrões exigidos, mesmo em nossa cidade que tem um sistema de saúde muito bem organizado e reconhecido nacionalmente.

Estamos passando pelo momento mais crítico da Pandemia desde o seu início, enquanto aguardamos maior número de vacinas, entendemos que foi indispensável determinar o lockdown, atitude mais dura e impopular, no entanto, acertada para interromper o avanço descontrolado do contágio do covid-19 e evitar o colapso do sistema de saúde da capital.

Tal atitude garante o distanciamento social obrigatório e a redução da transmissibilidade do vírus, caso contrário, não haverá leitos em quantidade suficiente para atender a população.

Em respeito aos princípios da Bioética e da boa prática médica ressaltamos que o único propósito desta comunicação é o de alertar para a gravidade da situação e solicitar que nos ajudem na missão de preservar vidas.

Curitiba, 16 de março de 2021

Diretorias Técnicas Médicas dos Hospitais:
Hospital Angelina Caron
Hospital Cardiológico Constantini
Hospital Cruz Vermelha
Hospital das Nações
Hospital de Infectologia e Retaguarda Clínica Oswaldo Cruz
Hospital de Olhos do Paraná
Hospital de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier
Hospital do Idoso Zilda Arns
Hospital do Rocio de Campo Largo
Hospital do Trabalhador
Hospital Erasto Gaertner
Hospital INC – Instituto de Neurologia de Curitiba
Hospital IPO – Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia
Hospital Marcelino Champagnat
Hospital Nossa Senhora das Graças
Hospital Pequeno Príncipe
Hospital Pilar
Hospital Santa Madalena Sofia
Hospital São Lucas de Campo Largo
Hospital São Lucas de Curitiba
Hospital São Vicente
Hospital Sugisawa
Hospital Universitário Cajuru
Hospital Universitário Evangélico Mackenzie
Hospital Vita Batel
Hospital Vita Curitiba
Hospital XV
Santa Casa de Curitiba