Moisés Alves, 20 anos, continua dizendo que sequer tocou na prima Bruna Ferreira da Costa Ribeiro, 11. Na terça-feira (15), quando o corpo dela foi encontrado, o rapaz foi descrito pela polícia como uma pessoa fria, que não derramou uma lágrima durante depoimento. De quarta-feira (16), ao ser apresentado à imprensa, na sede do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), onde está preso, estava chorosos e perdeu as palavras durante a entrevista. Mas para a polícia ele é o principal suspeito de ter matado e enterrado a criança.

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Moisés contou que, há aproximadamente dois meses, Bruna o reconheceu em um parque e disse que eles eram primos. Desde então, ela passou a visitar a família dele. Segunda-feira, por volta do meio-dia, ela foi até a casa de Moisés para visitar a mãe dele, Célia, em uma chácara em Monte Alegre, Quatro Barras.

Piscina

O rapaz disse que iria para a piscina e Bruna o acompanhou, com roupas de banho emprestadas pela mulher de Moisés. Ele disse que bebeu duas capirinhas feitas com álcool de cozinha, enquanto mergulhava ou limpava o terreno. Moisés garante que deixou uma espingarda de pressão perto da piscina e entrou para pegar chumbinho, quando escutou Bruna gritar: “Dona Célia! Por favor me ajuda!”.

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Ele disse ter voltado e visto a garota ser arrastada por dois desconhecidos, para um matagal. Os dois seriam altos, um mais forte, o outro com cabelo comprido e mechas claras. Eles teriam levado a espingarda e passado por duas cercas de arame farpado, carregando a menina. Em pouco tempo, ela parou de gritar.

Perseguição

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Ele alega que seguiu os dois homens à distância, por meia hora, mas pisou em um bambu e foi percebido. Um dos sequestradores teria continuado com Bruna e o outro foi atrás dele. Moisés disse ter corrido por quase 20 minutos e, no caminho, teria se arranhado em galhos.

Moisés afirma que levou uma paulada nas mãos e foi agarrado pelas pernas. O homem teria ficado com a bermuda do rapaz nas mãos. “Corri na direção do Borboletário. Cheguei de cueca na rua e tentei pedir socorro para uma pessoa que passou de carro, mas ela não parou. Então fui para casa avisar minha esposa e minha mãe”, garante o rapaz.

Delegado aponta incoerências

Colaboração: Rede Massa
Suspeito deu informações que não foram confirmadas.

O delegado Cássio Conceição, do Cope, percebeu várias inconsistências nas primeiras declarações de Moisés. Na segunda-feira, logo depois de comunicado o desaparecimento da menina, ele, ainda bêbado, tentou reconstitui o que viu.

De acordo com o delegado, Moisés dizia que os homens passaram com Bruna por um barranco, que ninguém conseguiria transpor. Os dois homens não tinham como ter entrado na chácara sem ser vistos e nem a esposa nem a mãe de Moisés ouviram Bruna pedir socorro. Não foram encontrados nem o bambuzal descrito por Moisés nem o chumbinho que ele alegou ter ido buscar. A garota foi encontrada enterrada na base de uma árvore. Estava nua e as roupas embaixo dela. O delegado aguarda o laudo do Instituto Médico-Legal para saber se havia sêmen no corpo da menina. A bermuda de Moisés foi encontrada no matagal, e a espingarda estava quebrada, ao lado do corpo. Bruna foi morta com pancadas na cabeça, provavelmente da espingarda, que passa por perícia no Instituto de Criminalística.

Inocência

De acordo com a polícia, os ferimentos que Moisés tem na mão podem ter ocorrido enquanto ele desferia os golpes ou enquanto cavava a cova. Os arranhões pelo corpo de Moisés podem ter sido feitos pela própria vítima, tentando defender-se.

Ele foi indiciado por h,omicídio e estupro e permanece no Cope, aguardando vaga no sistema penitenciário. “A própria família acredita que ele é o culpado. Quem cometeu o crime foi este rapaz”, afirma o delegado. “Minha consciência está tranqüila. Já fiz todos os exames que me pediram e minha inocência vai ser provada. Eu não encostei nessa menina em momento algum”, garantiu Moisés.