Desemprego

Demissão de 100 funcionários na Renault vira queda de braço entre sindicato e montadora

Linha de montagem da Renault em São José dos Pinhais. Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo / Arquivo

A dispensa nesta semana de cerca de cem funcionários da Renault, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, coloca novamente empresa e metalúrgicos em lados opostos. De acordo com o sindicato que representa os trabalhadores da categoria, a montadora francesa infringiu acordo coletivo firmado em agosto. Essa negociação pôs fim a uma greve de 21 dias em troca da recontratação de demitidos em outra ocasião, no fim de julho, por causa da pandemia de coronavírus. A empresa confirma as dispensas desta semana, mas diz que respeitou o acordado.

No fim de julho, a Renault anunciou a demissão de 747 de seus mais de 7 mil funcionários. Na ocasião, trabalhadores da fábrica iniciaram uma greve em busca de negociação com a empresa. Com mediação da Justiça do Trabalho, empregador e empregados chegaram a um acordo, que envolvia a manutenção dos empregos e estabilidade. Também criava um programa de demissão voluntária (PDV) com ganhos especiais para quem aderisse.

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De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), no entanto, a empresa quebrou esse acordo com as cem demissões desta semana. “Numa atitude arbitrária, a Renault descumpriu o acordo que ela mesmo assinou e demitiu vários trabalhadores. Ela não levou em conta que no acordo estabelecido nós fizemos várias concessões e aceitamos até algumas flexibilizações, tudo com a intenção de que a empresa mantivesse todos os empregos. A empresa aceitou e agora não cumpre. Na assembleia deixamos claro: ou a empresa cumpre o que acordou ou voltamos à estaca zero com os trabalhadores se mobilizando para defender seus empregos. Ela decide”, disse em nota o presidente do SMC, Sérgio Butka.

O líder sindical afirma que o sindicato buscará reverter na Justiça as dispensas.

E aí, Renault?

A Renault, no entanto, discorda de qualquer rompimento de acordo. Segundo a empresa, nas demissões de julho foram pagas as verbas rescisórias, obrigatórias por Lei. Quando houve a decisão de reintegrar os funcionários, a empresa pediu que os recontratados devolvessem esses valores.

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“Com o fim da greve, houve a reintegração dos colaboradores desligados anteriormente. Ficou acordado, então, que aqueles que não quisessem aderir ao PDV deveriam devolver à Renault as verbas rescisórias que já haviam sido pagas até 30 de setembro. Conforme previsto no acordo firmado, aqueles que não devolveram o valor devido até a data acordada, tiveram seus contratos cancelados”, disse a empresa em nota.

Ainda não há informações sobre reunião entre trabalhadores e empresa.