Efeito Bolsonaro?

Curitibanos ignoram riscos e aumentam o movimento nas ruas nesta quarta-feira

Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

A recomendação é ficar em casa por causa do risco de contágio pelo coronavírus , mas quem se obrigou a sair às ruas de Curitiba, nesta quarta-feira (25), deve ter percebido que o movimento de pessoas circulando aumentou, em relação aos últimos dois dias. Nos bairros se viam casais caminhando e pessoas passeando com os pets. No Parque Barigui, no fim da tarde, o estacionamento ficou repleto de carros. E no Centro, mesmo com praticamente todas as lojas do comércio fechadas, as farmácias registraram mais vendas nesta quarta do que na terça-feira (24).

LEIA TAMBÉM – Paraná não muda estratégia contra a Covid-19 após discurso de Bolsonaro

Em uma farmácia na Rua Comendador Araújo, o valor das vendas registradas até as 16h desta quarta já havia superado em 13% o valor registrado durante todo o expediente da terça-feira. A expectativa da gerência até as 21h, quando o estabelecimento fecha, era de quase dobrar as vendas do dia anterior. Significa que mais pessoas foram às compras. “Muitos idosos, infelizmente”, revelou o farmacêutico Rômulo Pereira Ribeiro, 37 anos. 

Ainda de acordo com Ribeiro, os funcionários da farmácia, para passar o tempo, resolveram anotar em um papel a quantidade de idosos que circulavam pela rua. Nesta manhã de quarta, até por volta das 11h, pelo menos 100 idosos passaram caminhando pela Comendador Araújo. “Para os que entravam aqui, seguimos orientando para que evitassem sair de suas casas e que pedissem para vizinhos ou familiares realizarem as compras para eles. Além de manter a higienização das mãos e demais recomendações”, disse o farmacêutico. A farmácia também mantém uma linha de isolamento de um metro para o atendimento de clientes.

LEIA AINDA – Produtores e feirantes entregam alimentos pelo WhatsApp na quarentena em Curitiba

Em outra farmácia, de uma grande rede, na Rua Visconde de Nacar, a gerente e farmacêutica Silvana Mendes, 39 anos, contou que viu mais pessoas pela rua, no caminho da casa dela até o Centro. “Fazendo exercício e passeando com o cachorro. Tinha muito mais gente saindo hoje, sem dúvida”, comentou. A farmacêutica também confirmou o maior número de idosos fazendo compras. “A circulação de carros e de pessoas andando pelo Centro cresceu hoje. Não é igual ao que costuma ser, está bem menor, mas em relação a ontem, sim, aumentou”, finalizou a Silvana Mendes.

A reportagem tentou contato com a presidência da Associação Comercial do Paraná (ACP) para verificar se a instituição teve a percepção de aumento na circulação de pessoas em Curitiba e no comércio que ainda está aberto. Não houve resposta até a publicação desta matéria.

Discurso de Bolsonaro

Mesmo com a orientação geral para que as pessoas que puderem fiquem em casa, na noite de terça-feira o presidente da República Jair Bolsonaro criticou as medidas de contenção tomadas por vários estados e prefeituras do Brasil. Em sua fala, Bolsonaro pediu para que os comércios fossem reabertos, escolas retomassem as aulas e que a população deixasse o confinamento restrito apenas para os idosos. O motivo para isso seria salvar a economia do país.

Embora não seja possível relacionar o discurso com o aumento na circulação de pessoas em Curitiba, nesta quarta, o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro contradisse até mesmo as recomendações do Ministério da Saúde, que pedem para a população se recolher.

Para evitar dúvidas nesse debate, após o discurso do presidente, o governo do Paraná emitiu nota informando que manterá o planejamento de isolamento social no estado.