A maternidade virou a vida de Olga Castanho de ponta-cabeça — e em um bom sentido. Entre a nova rotina e os desafios dos primeiros meses com o filho Davi, hoje com cinco anos, ela também encontrou um novo propósito. Formada em Marketing e com experiência consolidada na produção de eventos, Olga deixou a carreira de lado no início da pandemia para dedicar-se ao filho recém-nascido. O que ela não imaginava é que, dessa pausa, nasceria também um novo caminho profissional. Hoje, à frente da Donolga Bolos & Doces, descobriu uma nova paixão: a confeitaria.
A mudança aconteceu de maneira espontânea. Quando Davi nasceu, Olga começou a fazer bolos simples em casa e a publicar fotos nas redes sociais, como parte do cotidiano da maternidade. Filha de confeiteira, ela cresceu cercada por receitas, massas e coberturas, mas nunca havia se identificado com o universo dos bolos. Com o tempo, porém, percebeu que aquele hábito despretensioso estava se tornando prazeroso. Quando começou a testar misturas, adaptar medidas e aprimorar receitas, o resultado surpreendeu até ela mesma. Ao compartilhar a mesa da família nas redes sociais, as caixas de mensagens rapidamente encheram com perguntas do tipo “por que você não começa a vender?”
Ainda durante a licença-maternidade, a vida deu uma nova virada. Aos três meses de idade, Davi foi diagnosticado com alergia à proteína do leite de vaca (PLV). A descoberta exigiu mudanças profundas na rotina alimentar da família. “Meu filho ainda mamava no peito. Tive que fazer uma super dieta para que o leite de vaca não entrasse no meu organismo e transferisse para ele. Depois que descobri que ele era PLV, vi que tudo tem traço de leite, até o adoçante de café, por exemplo”, relembra.
Sem abrir mão do tradicional doce no café da tarde, Olga decidiu recriar receitas sem lactose. O primeiro teste foi um clássico: bolo de cenoura com cobertura de chocolate durinha, aquele típico de casa de vó. A receita deu certo. Vieram então novas versões adaptadas, como bolo de maçã com canela, chocolate e laranja. Com um pequeno cardápio pronto, ela decidiu dar um passo adiante. “Quando comecei a vender, cobrava R$ 20 por bolo. Nem sabia se estava dando lucro ou não. Sei que comprei as embalagens, fiz e tomei gosto pela coisa”, conta.
Tiro e queda
À medida que as encomendas aumentavam, Olga percebeu que precisava investir em qualificação para crescer. Primeiro vieram os cursos online, focados em bases de confeitaria e técnicas para massas e coberturas. Depois, um curso profissionalizante, que aprofundou suas habilidades e trouxe noções sobre gestão de produção e padronização de receitas. Além do conhecimento do fazer, a boleira também aprendeu uma lição, às vezes imperceptível para o cliente, mas que faz a diferença: investir na qualidade dos ingredientes.
Especializada em bolos e cupcakes personalizados, Olga escolheu seguir um estilo autoral, priorizando a durabilidade e o sabor das massas. “Eu não uso chantilly. Uso cobertura de ganache ou buttercream, que é uma cobertura amanteigada”, explica. A escolha técnica também garante estabilidade estrutural e acabamento profissional. Quem encomenda os bolos da Donolga sabe que as camadas não escorregam durante o transporte e que o doce chega intacto, não importa o trajeto ou o tempo dentro da embalagem.











A decisão de trabalhar com ingredientes de melhor qualidade elevou o padrão dos produtos, mas também aumentou os custos de produção. Desde que começou, Olga acompanha de perto a variação de preços dos insumos. “Preciso vender bastante para poder ganhar o lucro. Empreender não é fácil e os insumos são caros. Lembro que quando comecei, o óleo custava R$ 2,99 e hoje está quase R$ 8. O preço dos bolos precisa acompanhar”, afirma.
Para Olga, sempre há maneiras de manter clientes com encomendas frequentes mesmo com as variações de preços. Ela aposta em estratégias simples, mas constantes. Testa sorteios no Instagram, descontos para aniversariantes, promoções em datas comemorativas e pequenos brindes de decoração personalizada para quem compra com frequência.
Uma mão lava a outra
Toda a produção de Olga sai direto da cozinha do apartamento da família, um espaço que precisa ser bem aproveitado para conciliar volume de trabalho e rotina doméstica. Para otimizar tempo e espaço, a empreendedora estruturou estratégias de organização. O cronograma mensal é anotado em um caderninho, com datas de entrega, nomes e telefones dos clientes. Já ao lado da geladeira, um esquema mais dinâmico em uma pequena lousa detalha a produção da semana, com dias, horários e tarefas distribuídas de forma prática.
Parte da rotina de Olga também é definida pelo perfil das encomendas. Apesar de dominar técnicas para diversos tipos de doces, ela mantém o cardápio restrito. As encomendas incluem bolos tradicionais, bolos recheados e em camadas, cupcakes e brownies, garantindo foco e qualidade na produção.
“Depois do curso que fiz, coloquei na minha lista restrições do que faria. Sempre me perguntam ‘você faz docinho? Faz salgado?’ e respondo: não, não faço. Acho que se a gente nichar, conseguimos fazer um produto com mais qualidade”, comenta. Para oferecer ainda mais valor ao cliente, Olga criou uma rede de parceiros estratégicos.
“Tem gente que pega o bolo comigo e o docinho, por exemplo, com outras pessoas que indico. Uma vizinha faz docinho ótimo e, algumas vezes, fechamos pedidos juntas. Fica mais fácil para o cliente, já que mandamos entregar na mesma entrega”, explica a empreendedora.
Cozinha de família
A parceria também acontece dentro de casa. Ao lado do marido, um dos primeiros a incentivá-la a vender bolos, Olga organiza a rotina familiar e o cuidado com o filho. Da mesma cozinha de onde saem os bolos para encomendas, saem também momentos de convivência e aprendizado com Davi. Nos primeiros anos, a memória da mãe empreendedora é de vê-lo brincar próximo ao balcão enquanto ela decorava bolos. Hoje, ainda na infância, ela observa diariamente o pequeno aprendendo tarefas simples, como usar faca ou manusear o prato de vidro no almoço, e se gabar por elas.
Com a chegada do fim de ano, a demanda pelos bolos aumenta consideravelmente. “Tem dias que acordo às 6h da manhã e vou dormir às 2h da manhã, exaurida”, comenta Olga. Entre altos e baixos do ramo, ela chegou a tentar uma recolocação profissional no setor de marketing de uma rede de escolas de inglês em Curitiba, no início deste ano.
No entanto, o retorno ao mercado formal não representou um novo caminho, mas sim uma confirmação de que a confeitaria era o rumo que ela queria seguir. “Eu não parei. Sempre acabava fazendo bolos no final de semana ou à noite. Teve um momento que falei para mim: eu quero continuar com os bolos. O marketing e a produção de eventos, quando me formei, fiz por uma necessidade financeira. Era um caminho que tinha oportunidade e me agarrei nele. Mas a confeitaria eu escolhi e digo que ela me escolheu também”, compartilha.
A transição definitiva do trabalho formal para o empreendedorismo trouxe vantagens significativas. Além da autonomia profissional, Olga consegue equilibrar o cuidado com a família. Após terminar uma fornada de bolos, por exemplo, pode preparar pães de queijo quentinhos para o café da família. Antes, nos dias de trabalho formal, era o filho que esperava pela mãe em casa. Agora, ele é recebido diariamente após a escola de braços abertos pela mãe, que o aguarda todos os dias.
Serviço
Donolga Bolos & Doces
Encomendas pelo WhatsApp 41 99685-0359
Instagram @donolgadoces
Manda pra Tribuna!
Você conhece pessoas que fazem coisas incríveis, viu alguma irregularidade na sua região? Quer mandar uma foto, vídeo ou fazer uma denúncia? Entre em contato com a gente pelo WhatsApp dos Caçadores de Notícias, pelo número (41) 9 9683-9504. Ah, quando falar com a gente, conte sobre essa matéria aqui! 😉



