Prodígio

Curitibana desafia preconceito, brilha em 35 países e vira estrela da dança

Jovem curitibana é talento referência em estilo de dança pouco conhecido no Brasil. Foto: Divulgação

Quando a curitibana Fernanda Dubiel, hoje com 25 anos, colocou os pés em uma pista de dança pela primeira vez, talvez nem imaginasse que aquele seria o começo de uma trajetória que a levaria a mais de 35 países, dezenas de pódios e o reconhecimento como uma das grandes referências mundiais no West Coast Swing, um estilo de dança norte-americano que vem ganhando força no Brasil.

Dona de uma carreira construída com disciplina, resiliência e muito talento, Fernanda coleciona conquistas em algumas das competições mais prestigiadas do mundo, como o US Open Championships (Burbank, Califórnia), Boogie by the Bay (São Francisco, Califórnia), Capital Swing (Sacramento, Califórnia) e o Atlanta Swing Classic (Atlanta, Geórgia). Ao todo, foram mais de 40 competições disputadas, com pelo menos 15 títulos internacionais no currículo.

Um encontro que mudou tudo

A história de Fernanda com a dança começou cedo. Aos sete anos, enquanto acompanhava sua irmã mais velha em uma aula de dança de salão, chamou a atenção de um professor argentino, Maximiliano Moreira, que lhe ofereceu uma bolsa de estudos para aprender tango. “Eu fazia aulas de tango duas vezes na semana e, em paralelo, dançava salsa, samba, zouk, bolero… todos os ritmos”, relembra.

Foi em um evento de dança em Florianópolis, pouco tempo depois, que sua vida tomou um rumo inesperado. Ali, Fernanda teve o primeiro contato com o West Coast Swing e conheceu duas lendas da modalidade: Jordan Frisbee e Tatiana Mollmann, campeões mundiais por 11 anos consecutivos.

“Eu não falava inglês, não entendi uma palavra das aulas, mas eles sorriam, me abraçavam e foram tão receptivos que eu decidi que iria aprender inglês só para conseguir conversar com eles”, conta.

Primeiro pódio internacional aos 15 anos

Determinada, aos 14 anos pediu aos pais um presente incomum de aniversário: uma viagem aos Estados Unidos para competir. E não decepcionou. Mesmo sem entender muito bem as regras, conquistou o 3º lugar no seu primeiro Jack & Jill, uma modalidade em que os dançarinos são sorteados para dançar com diferentes parceiros e precisam improvisar, mostrando técnica, musicalidade e conexão. “Eu nem sabia como funcionava, eu só dançava como eu tinha aprendido. E fiquei em terceiro”, lembra, sorrindo.

De volta ao Brasil, Fernanda passou a ser convidada para dar aulas e workshops em diversas cidades e até em outros países da América do Sul. O dinheiro que ganhava era investido para retornar aos Estados Unidos e disputar novas competições, nas quais, mais uma vez, saía vitoriosa.

Do preconceito à consagração

Nem tudo foram aplausos. Fernanda precisou superar barreiras que iam além da dança. “Sofri preconceito por ser brasileira, por ser mulher, por ter sotaque. Pronunciavam meu nome errado de propósito, riam quando eu errava uma palavra. Chegaram a me dizer que eu deveria desistir, voltar para o Brasil, que eu não tinha talento”, relata.

As críticas, no entanto, não a derrubaram. “Os desafios são do tamanho dos nossos sonhos. Eu aprendi a me proteger, a impor limites, e hoje muitos dos que me criticaram me respeitam como profissional”, afirma.

Com 35 países na bagagem, Fernanda vê a dança como uma poderosa ponte entre culturas. “Cada país tem uma maneira de dançar, de se expressar. Eu sempre busco entender o contexto, aprender algumas palavras do idioma, conectar a história local à aula que vou dar. Nem tudo que é engraçado nos Estados Unidos funciona no Japão, por exemplo”, observa.

Essa sensibilidade cultural, aliada à técnica refinada, fez com que sua carreira decolasse de vez. “Hoje eu tenho uma agenda internacional, vou aos Estados Unidos, Ásia, Europa… no fim do ano, inclusive, vou para a África do Sul. O céu é o limite”.

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