A Prefeitura de Curitiba está testando um dispositivo que amplia a segurança para que pessoas com mobilidade reduzida atravessem os cruzamentos semaforizados da cidade. Trata-se de uma tecnologia que aumenta o tempo de abertura dos semáforos para pedestres mediante o uso do cartão transporte de idoso e de pessoa com deficiência, emitidos pela Urbs (Urbanização de Curitiba S/A). O objetivo é contribuir para reduzir o número de acidentes envolvendo esses grupos, que estão entre as principais vítimas do trânsito urbano. O projeto piloto está em curso num semáforo do bairro Alto da Glória.

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O sistema, desenvolvido pela empresa Dataprom, funciona através de uma botoeira especial acoplada ao semáforo, que pode ser acionada pelos cartões da Urbs. Ao identificar o cartão, o semáforo abrirá por mais alguns segundos além do programado, permitindo uma travessia mais segura. O tempo de abertura será de 20% a 30% maior do que o tempo de semáforo normal em Curitiba, que considera a velocidade média do pedestre de 1m/s. No semáforo do projeto-piloto, será considerada a velocidade média do pedestre de 1,2m/s, no mínimo.

O primeiro cruzamento a receber os equipamentos de teste é o das ruas Amâncio Moro, Agostinho Leão Júnior e Ubaldino do Amaral, em frente à Igreja do Perpétuo Socorro, no bairro Alto da Glória. Atualmente, estão habilitados a usar o equipamento 176.133 portadores do cartão de idoso da Urbs e 13.397 portadores do cartão de pessoa com deficiência. Os cartões que não são utilizados há mais de um ano precisam ser atualizados na Urbs para a utilização nos semáforos.

Aprovado

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A novidade foi aprovada por idosos que frequentam a região – onde o movimento é grande principalmente nas quartas-feiras, quando durante todo o dia acontecem as novenas do Perpétuo Socorro. “Acho a ideia ótima. As pessoas têm dificuldades para atravessar por aqui, têm receio de passar e ser atropeladas por um carro ou moto”, diz Marlene Tanner Miller, 69 anos. Muitas vezes, ela e o marido João Enio,  com receio de atravessar a rua, iam até a Avenida João Gualberto para pegar o biarticulado da linha Santa Cândida-Capão Raso. “Agora podemos atravessar a rua com segurança para ir até o ponto do Hugo Lange, que é outro lado da rua”, diz Miller, 71 anos.

“Este cruzamento é bem movimentado. Vem carro dos três lados e é bem difícil para atravessar. O tempo do semáforo era curto e obrigava a gente a passar quase correndo. A gente precisa mesmo de um tempo maior para atravessar”, diz Iracema Vasques, 69 anos, que tem dificuldades para andar porque já fez cirurgia na coluna.

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Acidentes

Segundo dados do projeto Vida no Trânsito, 40% dos pedestres mortos em acidentes nas ruas da cidade em 2012 eram idosos. Em 2013, esse percentual caiu, mas ainda permaneceu alto: 35%. Para reduzir o número de acidentes, no último trimestre de 2013 a Secretaria Municipal de Trânsito realizou uma pesquisa inédita com pedestres idosos em vários cruzamentos do centro de Curitiba, determinando velocidade e tempos médios de travessia. Os dados serviram de base para o aumento de tempo dos semáforos de pedestres em diversos cruzamentos da cidade.

Os testes da nova tecnologia de utilização dos cartões da Urbs têm duração inicial de 30 dias e poderão ser estendidos a outros cruzamentos da capital. Os estudos também serão encaminhados para a comissão de novas tecnologias da Setran, que tem como participantes técnicos da secretarias e representantes de universidades convidadas.