Reforço de leitos

Curitiba não precisa de hospital de campanha por ora, mas tem plano B no Barigui

Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo / Arquivo

Ao contrário de outros estados, o plano de contigência do coronavírus no Paraná não prevê a construção de hospitais de campanha por enquanto, além de iniciativas individuais de algumas poucas prefeituras no interior. Nem o governo do estado, nem a maioria ds prefeituras, entre elas a de Curitiba, pretendem construir este tipo de estrutura que está sendo erguida em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará – as três unidades da federação com mais casos de covid-19. Só na cidade de São Paulo, três hospitais de campanha estão sendo erguidos.

Em Curitiba, a prefeitura chegou a descartar a montagem de um hospital de campanha na Arena da Baixada, cuja estrutura foi oferecida pela diretoria do Athletico. A alegação do prefeito Rafael Greca foi de que a rede de saúde do município não precisava e, além disso, o estádio não oferecia estrutura para este tipo de atendimento.

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A secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, explicou em videoconferência com vereadores semana passada que a decisão de não ter hospitais de campanha se mantém. A ideia é utilizar leitos de hospitais particulares se necessário. “Curitiba não tem mais diferença entre leito SUS e não SUS”, disse a secretária na ocasião.

Números apresentados pela secretária indicam que hoje são mais de 5,7 mil leitos disponíveis, com 760 de UTI, e que a Prefeitura prevê mais 697 leitos clínicos e 240 de UTI de “retaguarda”.

Mesmo assim, a prefeitura tem um plano B caso a situação se agrave e um hospital de campanha seja realmente necessário. De acordo com o prefeito Rafael Greca, o centro de convenções no Parque Barigui já está reservado para isso. “Se precisarmos, vamos fazer hospital de campanha no Parque Barigui. A concessionária do espaço [a fabricante de automóveis Renault] já me cedeu o espaço e já mandei desenhar [a estrutura do hospital de campanha]”, declarou Greca em entrevista ao telejornal Paraná TV, da RPC.

Até o boletim desta quarta-feira (15), Curitiba registra 358 casos confirmados e oito mortes por coronavírus. A previsão para a cidade é que o pico de contágio aconteça entre o fim de abril e começo de maio.

Paraná

Já o governo do Paraná, ao invés de montar hospitais de campanha pretende ampliar a oferta de leitos para o coronavírus com a estrutura já existente, além de antecipar a inauguração de hospitais que só funcionariam no final de 2020.

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“Existem três hospitais cuja previsão de abertura seria em dezembro e o governo vai antecipar a abertura de parte da estrutura para o atendimento de pacientes exclusivos de coronavírus, nos municípios de Telêmaco Borba (Campos Gerais), Guarapuava (Centro do estado) e Ivaiporã (Noroeste), informa a Sesa por nota.

Em Telêmaco Borba, está sendo feita a instalação de dez leitos de UTI e 40 de enfermaria na preparação do Hospital Regional, que agora atenderá exclusivamente pacientes infectados pela Covid-19 na região. A unidade deve estar em funcionamento em poucas semanas.

Além disso, o governo do estado anunciou que haverá ampliação da oferta de leitos de UTI e enfermaria nos hospitais universitários (HUs) de Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Cascavel. A suspensão das cirurgias eletivas também fez com que houvesse ampliação da oferta de leitos. Portanto, a estimativa é que a atual estrutura dê conta da demanda.

“A previsão é de um aumento, caso seja necessário, de pelo menos mais 1.800 leitos de UTI e quase 3.500 de enfermaria, adicionais, portanto, quase o dobro da estrutura hoje existente”, explicou a Sesa à reportagem, por meio da assessoria de comunicação.

Em Londrina, 120 leitos foram instalados na maternidade do Hospital Universitário (HU) destinados aos casos de coronavírus.

O Secretário de Saúde do Estado, Beto Preto, em sessão plenária no final de março, destacou que a projeção é de que o Paraná possa registrar 10 mil casos de covid-19 no pico da epidemia, mas que o estado está preparado para atendimentos até se o número chegar a 30 mil.

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A expectativa é de que o pico de casos da doença ocorra em todo o estado entre o fim de abril e o começo de maio, de acordo com a Sesa. Na última terça-feira (14), os números do estado registravam 803 casos e 39 mortes em decorrência da Covid-19.

Municípios

Apesar de não planejar hospitais de campanha para este momento, o governo garantiu autonomia aos municípios para montá-los caso achem necessário. É o caso de Cascavel, no Oeste, onde um hospital de campanha foi montado no Centro de Convenções do município e está funcionando desde o início de abril.

Em Cascavel, são 59 leitos: 44 para casos de média complexidade, e 15 para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para pacientes em estado grave. Até terça-feira, a cidade registrava 60 casos e duas mortes.

No caso de Londrina, há também um projeto do município para a construção de um hospital de campanha, que será executado somente se houver o aumento considerável de casos e sobrecarga nos hospitais. Com custo previsto de R$ 17 milhões, a estrutura pré-montada poderá ser instalada próximo a um hospital já existente, ainda não definido, com a oferta de 240 leitos. Os números do coronavírus no município são de 75 casos e quatro mortes até terça-feira.