Piraquara

Com transferência de presos agentes são libertados na PCE

Depois de dez horas dentro de uma cela, sob ameaça de presos armados com facas artesanais (estoques), dois agentes penitenciários da Penitenciária Central do Estado (PCE) foram libertados, por volta das 19h de ontem. Os três detentos que os mantinham reféns só aceitaram soltá-los depois da emissão de ordem judicial, garantindo a transferência deles para presídios de Joinville e de Brasília, para ficarem perto de suas famílias. A confusão terminou sem feridos.

Os detentos deixaram a penitenciária em uma van branca, da Secretaria de Justiça, porém não foi informado se seriam transferidos imediatamente para os outros estados ou se permaneceriam em outra unidade prisional no Paraná, até a viajem. Logo atrás da van, seguiu um comboio com mais de dez viaturas da Polícia Militar.

Armadilha

O cárcere dos agentes tinha começado por volta das 9h da manhã. Um preso da primeira galeria da penitenciária pediu para ir até a enfermaria e foi levado por um dos agentes. Depois do atendimento, retornaram para a cela. O agente abriu a porta e foi rendido pelo “doente”, com apoio dos outros dois companheiros de cela. Outro agente tentou intervir e também foi rendido.

Na galeria há outras cinco celas, ocupadas por 30 homens. Várias equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foram até o local para manter os demais presos sob controle. Cães farejadores e um ônibus com policiais da Companhia de Choque, bem como uma equipe do Siate, permaneceram o tempo todo do lado de fora de prontidão.

Os nomes dos agentes e dos presos não foram divulgados. Eles passaram o tempo todo sem comida. Durante boa parte do dia, as vítimas permaneceram soltas na cela, mas eram ameaçadas com os estoques.

Perigo

Anthony Johnson, vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado do Paraná (Sindarspen), acompanhou desde cedo a situação dos colegas. De acordo com ele, o clima está tenso nas penitenciárias há meses. Um agente chegou a ser espancado por presos na Penitenciária Estadual do Paraná 1 (PEP1) no dia 3. Desde então os presos não têm mais banho de sol e não recebem mais visitas.

Essa situação não tem relação com a rebelião da PCE, mas os dois casos mostram que o perigo é constante em todo o complexo penitenciário do Paraná. Em época de festas, as tentativas de fuga são mais frequentes e novos motins podem acontecer a qualquer momento. “Está um caos. Estamos documentando tudo isso desde março e nada está sendo feito”, lamenta Johnson.

Apreensão

Familiares que estavam desde cedo esperando para visitar os presos não puderam entrar por conta da confusão. Eles estavam apreensivos com a situação dentro da PCE e aguardavam informações sobre seus parentes. Fernanda Caroline Oliveira, 23 anos, chegou às 9h para entregar mantimentos para o marido. “Estou com o coração apertado por não saber o que está acontecendo”, afirmou. Ela ficou ainda mais preocupada após a entrada de várias viaturas da polícia de choque, do Bope e da Rone.

Leni Aparecida Rocha, 47 anos, também estava desde cedo esperando notícias de seu filho. “Estou desanimada, porque ele já está pagando e agora o sofrimento vai ser em dobro por causa dos outros”, disse. Ela não pretendia deixar o local enquanto não soubesse de algo. “Tenho medo de deixar esse lugar, virar as costas e não saber o que vai acontecer’, desabafou.

Veja na galeria de fotos o PCE.