Pandemia

Com jeito de cidade fantasma, comércio do Centro de Curitiba se defende do coronavírus

Foto: Alex Silveira/ Tribuna do Paraná

O comércio no Centro de Curitiba esvaziou por causa do coronavírus e a Rua XV de Novembro (e áreas ao entorno) lembravam uma cidade fantasma no início da tarde desta sexta-feira (20). Mesmo assim, estabelecimentos se empenhavam para manter as recomendações de prevenção do Ministério Saúde contra o avanço do novo coronavírus, principalmente com relação às aglomerações de pessoas.

Em um giro pelo comércio, foi possível flagrar funcionários de lojas usando máscaras de proteção, ver recados pregados em mesas de restaurantes que pediam aos clientes para manter a distância ideal e, também, clientes atentos para evitar a propagação do vírus. Claro, também tinham aqueles clientes que relaxavam com os cuidados e se aproximavam um pouco mais.

Em uma loja de cosméticos e presentes, na XV, o vigilante Rafael Medeiros, 29 anos, se mantinha atento. A qualquer sinal de aglomeração dentro da loja, ele dava logo o recado para que as pessoas ficassem mais atentas. Usando uma máscara para se proteger, ele reclamou bastante do movimento do comércio e previu o fechamento de algumas lojas. “O que tenho visto é a queda de movimento. Muitas vão fechar, acredito, até por ordem da prefeitura. Mas estamos muito atentos por aqui. Enquanto atendemos, estamos nos protegendo com máscaras e pedindo para os clientes manterem pelo menos um metro de distância” explicou.

A distância

O fluxo de pessoas também não estava muito alto em um restaurante na Rua Comendador Araújo, próximo da Rua Visconde de Nacar. Mesmo assim, havia recado nas mesas informando que algumas estavam bloqueadas para os clientes, com o objetivo de manter o espaço de 1,5 metros entre os clientes. No buffet também havia luvas de plástico descartável para evitar a contaminação dos pegadores. A gerência disse que as medidas são necessárias, que estão fazendo de tudo para ajudar a combater a pandemia de coronavírus. Porém, o estabelecimento deve fechar as portas na próxima semana.

Um grupo de três comerciantes que almoçava no local concordou com as medidas, achou importante todos os cuidados, mesmo assim, eles sentavam todos juntos à mesa. “Trabalhamos perto e, por isso, somos obrigados a comer fora”, disseram. Entre eles estava o médico recém-formado Youssef Abdallah, 37 anos. “Não temos os sintomas, evitamos o contato, fazemos a nossa parte e valorizamos o que o restaurante faz. Torcemos para que os medicamentos testados fora do Brasil possam fazer o efeito desejado e possam ser compartilhados com todos”, completou.

Em um outro local de comida rápida, na Rua XV, foi possível verificar a presença de displays de álcool gel 70% para clientes e funcionários. Também havia avisos nas mesas para as pessoas manterem a distância. Isso gerou confiança na atendente Cláudia Janoski, 50 anos, e na estudante Yasmin Pires, 17 anos, filha dela. As duas vieram até um cartório no Centro. Estavam sem almoço e decidiram procurar um local para comer. Optaram por um de menos aglomeração. “Vi alguns funcionários juntos, mas percebi o cuidado com a separação das mesas. Temos que ter atenção”, comentou.

No mesmo estabelecimento, apesar dos cuidados, foi possível notar um grupo de três mulheres colegas de trabalho que estavam próximas entre si, aguardando o pedido ficar pronto. Elas não gravaram entrevista.

Ao deixar a Rua XV, na hora de pagar um estacionamento, a reportagem obteve a informação de que o movimento de veículos no estabelecimento caiu cerca de 60%. A informação só veio reforçar a sensação de cidade fantasma no comércio de Curitiba.