Imóvel será doado!

Clube tradicional de Curitiba fecha após quase 100 anos de história, bailes e festas

Imóvel da Sociedade Universal, no bairro Prado Velho, em Curitiba.
Sociedade Universal vai fechar e imóvel será doado. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

A Sociedade Universal, com 97 anos de história, vai acabar no dia 15 de fevereiro deste ano. Uma Assembleia Geral Extraordinária está marcada para ocorrer na sede do clube no bairro Prado Velho, em Curitiba. O motivo do fechamento deve-se à baixa procura pelo local, que ficou famoso por grandes bailes, comemorações e eventos, mas que tiveram uma queda na receita desde a pandemia da Covid-19. O grande salão teve a música interrompida, mas a história vai seguir na memória dos curitibanos.

Localizado na Rua Comendador Roseira, próximo à Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o imóvel com dois salões, bares, galeria, churrasqueiras e banheiros, avaliado em R$ 4,5 milhões, vai ser doado também conforme a pauta da Assembleia. A ideia seria vender, mas por estatuto e por ser uma sociedade beneficente, a doação é a melhor forma de entrega do bem.

Além da queda da receita de sócios ou mesmo de visitantes nos bailes da terceira idade, que proporcionavam uma melhor qualidade de vida e socialização aos mais experientes, a Sociedade Universal teve problemas de invasão e depredação da sede.

Na imagem, pessoas em um dos bailes no salão da Sociedade Universal
Baile no Sociedade Universal. Foto: Reprodução/ Sociedade Universal

José Rogério Aguiar é sócio remido e faz parte da comissão responsável da doação do imóvel. Participante ativo de assembleias, ele ressalta que o fim do clube é uma perda inigualável para a cidade.

“É uma pena, antigamente ‘era muito família’, as pessoas do bairro vinham e passavam o dia. Com o tempo, foram criando alternativas e as baladas acabaram com a diversão. Nos últimos anos, o baile da terceira idade lotava o salão e proporcionava bons momentos para todos”, diz José Rogério, frequentador da Sociedade Universal desde 1969.

Da época de ouro à doação do imóvel

No salão da Sociedade Universal, festas importantes ocorrem ao longo de mais de nove décadas. Bola de Ouro no Futebol, Carnaval, Baile do Chope, Baile de Casais, Réveillon, e tantos outros que fizeram a felicidade de muita gente.

“Minha infância toda foi lá, meu irmão foi presidente, eu também, e meu pai participou. Tínhamos mais de 1.000 sócios e hoje temos 150 remidos, sou apaixonado pelo clube. Muitas pessoas se conheceram nas festas, se casaram e tiveram filhos que depois frequentaram o espaço. Curitiba que perde ao não ter a Sociedade Universal”, reforça José Rogério.

No processo de doação do imóvel, a Sociedade Universal buscou interessados em assumir o local. A tendência é que a sede venha a ter escoteiros nos próximos anos. “Tentamos com a prefeitura, mas é muito burocrático. Tentamos com a PUC que é vizinha, mas precisa da liberação do Papa, o Pequeno Cotolengo também tem muita burocracia. Agora estamos conversando com os Escoteiros do Brasil, e está bem avançada a conversa. Queremos que o local tenha atividade, sem perder a história do prédio”, completa José.

Para o radialista José Domingos, amplo conhecedor da história de clubes de Curitiba, o fim da Sociedade Universal é um processo de falta de sequência das famílias em clubes. “Ela surgiu de um clube de futebol chamado Universal. Existia por parte da prefeitura, o auxílio funeral, uma parceria com as sociedades. A pessoa entrava como sócia, e quando ocorria uma perda, o recurso passava para a família. Uma perda irreparável o fim da Universal, pena que os clubes não foram tendo uma renovação. Os filhos se afastaram dos clubes e poucas resistem”, comenta o radialista.

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