Brasa e amor!

Churrasqueiro “raiz” revela o segredo daquele saboroso tempero do filé de igreja

Pedro comanda, em média, 700 quilos de carne nos churrascos do Pequeno Cotolengo. Como lidar com os palpiteiros de plantão?
Pedro comanda, em média, 700 quilos de carne nos churrascos do Pequeno Cotolengo. Como lidar com os palpiteiros de plantão? Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

A profissão de churrasqueiro é daquelas que podem causar uma certa inveja em muita gente, mas essa digna atividade não tem somente festa, risada e resenha regada a uma boa cervejinha. A pressão é constante. Já imaginou controlar três mil peças com palpiteiros ao lado falando que é para virar a carne ou gritando que já está pronta para servir? São os capitães ou comandantes da churrasqueira que se preparam com vários dias de antecedência para servir desde os mais exigentes até os mais ansiosos clientes.

Naturalmente a rotina de um profissional que atua em churrascaria é diferente daquele que auxilia de maneira voluntária em um domingo em família. O trabalho em um restaurante dedicado à carne acaba virando rotina para o responsável, mas para quem precisa coordenar grandes eventos, o trabalho começa muitos dias antes.

Um dos exemplos mais tradicionais ocorre no churrasco do Pequeno Cotolengo do Paraná. Criado em dezembro de 1973, quando um grupo de amigos se reuniu em nome da fé e da caridade para preparar 60 peças de carne, a festa já chegou a servir três mil peças antes da pandemia da covid-19, que por sinal está cada dia mais controlada em Curitiba. Todo primeiro domingo de cada mês lá estão os voluntários se esmerando para preparar um delicioso churrasco e ajudar os moradores do Pequeno Cotolengo.

Pedro José Kohler, 70 anos, é o voluntário que coordena a equipe dos churrasqueiros há 15 anos. A preparação ocorre 15 dias antes do evento com reuniões envolvendo os responsáveis pela comida – carne, risoto e maionese.

“Nessa reunião definimos a quantidade que será comprada. No caso da carne, eu entro em contato com os frigoríficos e passo ao departamento financeiro para que os valores sejam negociados. O padrão do nosso churrasco é da alcatra com osso com pedaço da maminha. O peso gira em torno de um quilo por refeição, se der um pouco menos, colocamos pedaços de filé mignon”, disse Pedro.

Depois do acerto financeiro e do último contato telefônico reforçando a qualidade da carne, Pedro e sua equipe, que conta com mais oito churrasqueiros, aguardam a entrega do produto na sexta-feira, dois dias antes da festa. Após permanecer em câmeras frias na temperatura de -1° grau, a carne é retirada no sábado para ser temperada e retirada o excesso da gordura.

Qual é o segredo do tempero?

Pedro é o único que possui em mãos uma cópia dos itens que serão usados no tempero. Um dos idealizadores do churrasco foi Odair Leitóles, que criou a “magia”. Morreu em 2015, mas passou o segredo para Pedro. “Foi uma promessa que fiz a Leitóles que não posso passar detalhadamente a quantidade. O papel original do tempero está no cofre do Pequeno Cotolengo. Só posso dizer que só acerta quando faz em grandes quantidades”, informou o churrasqueiro, que depois confidenciou para a Tribuna que basicamente usa-se shoyu, cebola, cerveja preta, alho, óleo de soja e um pouco de mamão para amaciar a carne.

No domingo da festa (o primeiro de cada mês), o trabalho é pesado. Antes da pandemia, eram acessas três churrasqueiras utilizando 750 quilos de carvão. No último domingo (07), atuando ainda no sistema “retire no balcão”, 500 pessoas compraram o churrasco.

“Comparado aos outros eventos foi até tranquilo. Usamos próximo de 700 quilos de carne, mas o importante é essa retomada aos poucos com segurança. Eu senti muita falta do evento, pois digo que a minha liberdade está aliada quando se faz o bem e pratica a caridade. Esse é nosso lema aqui no Pequeno Cotolengo”, reforçou Pedro que é caminhoneiro e deixa a carreta parada por uma semana para estar concentrado para a nobre arte do churrasco. Ficou curioso para o próximo churrasco do Pequeno Cotolengo? O próximo vai ser no dia 05 de dezembro. Veja aqui mais informações!

Antes da pandemia, eram acessas três churrasqueiras utilizando 750 quilos de carvão
Antes da pandemia, eram acessas três churrasqueiras utilizando 750 quilos de carvão Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Partiu frango!

Outro lugar tradicional do churrasco no domingo é o Santuário Nossa Senhora do Carmo, no Boqueirão. Mas com o valor da carne nas alturas, eles passaram a usar o frango como opção para o churrasqueiro. O tradicional “Filé de Igreja” foi deixado de lado. Na festividade do dia 07 de novembro, os organizadores decidiram apelar para a ave.

Aparecido da Silva França, 52 anos, presidente do Conselho e churrasqueiro voluntário, relata que a mudança do cardápio foi devido ao custo e que se tornaria muito caro aos fiéis.

“Fomos cotar a carne e está muito caro. Calculamos todo o kit (risoto, maionese e polenta) e seria cobrado R$ 90, um valor alto para os fiéis. Na reunião foi dada a ideia de usarmos coxa e sobrecoxa desossada e recheada na churrasqueira com queijo, cebolinha e bacon. Foi cobrado R$ 50 e as pessoas aderiram e acabou gerando um lucro razoável para a Igreja. Já estamos elaborando uma festa por mês para 2022, variando a comida”, comentou Aparecido.

Apesar da redução financeira, o frango deu mais trabalho na churrasqueira em relação ao filé. “É mais difícil o frango. O tempero foi feito no sábado e no dia da festa, o frango demora 2 horas no fogo alto. O filé coloca sal e o tempero e em 15 minutos está pronto”, brincou o capitão do Carmo.

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Local tradicional de Curitiba para festas, o Santuário Nossa Senhora do Carmo acabou mudando o cardápio por causa do preço, e não é que deu boa? Foto: Arquivo/Antônio More.
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