Que aperto é esse?

Curitibanos não curtiram as ‘catracas retrô’ dos novos ônibus da cidade

Foto: Aniele Nascimento.
Foto: Aniele Nascimento.

Com câmeras de segurança, espaço para dois cadeirantes e informações em braile, os novos ônibus alimentadores de Curitiba têm novidades. No entanto, há um elemento logo na entrada do veículo que tem incomodado e constrangido parte dos passageiros: a catraca. Mais alta, mais difícil de empurrar e com um eixo de giro diferente, a estrutura acaba apertando grávidas, sendo um desafio para idosos e prendendo quem entra com mochilas maiores, por exemplo.

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“Eu tenho 108 quilos e 1,80m e pra mim já é difícil passar, fica apertado. Quem é um pouco maior não consegue”, avalia o bancário Caio Tadeu, que diariamente pega uma linha alimentadora que tem os modelos novos. De acordo com Tadeu, que usa a linha Alto Tarumã, os próprios cobradores têm comentado sobre as catracas, cujo eixo de giro acaba encostando em suas pernas. Para evitar a pancada, ou os funcionários abrem as pernas, ou viram de lado — em uma posição claramente desconfortável.

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Usuária da mesma linha, a diarista Dirce Rover, de 59 anos, explica que já chegou a ver uma mulher grávida com dificuldade de passar. “Ela começou a gritar que tava entalada, mas acabou conseguindo passar”, lembra Dirce, que desde então tem tomado cuidado com a quantidade de sacolas que leva junto ao corpo ao entrar no veículo. A diarista usa o transporte para ir e voltar do trabalho, e conta que fica apreensiva sempre que vê que alguém corre o risco de não conseguir passar: “Fica uma situação muito chata, não entendi porque colocaram a catraca assim”.

Foto: Aniele Nascimento.
Foto: Aniele Nascimento.

O motivo, de acordo com a Urbs, é a segurança: o novo modelo é mais eficiente no combate aos fura-catracas, justamente por ser mais alta e estruturada até mais perto do chão. A antiga, enquanto isso, era mais baixa e consistia em apenas uma barra de ferro. Além disso, apesar da sensação de estreitamento que os passageiros relatam, a Urbs afirma que a nova catraca tem o mesmo vão livre do modelo antigo. O problema, no entanto, é que apesar de ser igual no comprimento, a anterior pegava na altura do quadril da maioria dos passageiros, enquanto a atual chega na barriga, apertando mais.

Já o prefeito Rafael Greca (PMN), para quem a entrega de novos ônibus representa o cumprimento de uma de suas principais promessas de campanha, não há nenhum problema com a estrutura. “São de acordo com a norma técnica da ABNT, e os gordinhos e os que não queiram nela passar podem sinalizar que o motorista abre a porta de acesso [de trás] inclusive com o elevador” disse o prefeito à Gazeta do Povo. Depois de entrar pela porta de trás, esses usuários – desde que não sejam isentos – terão de pagar a tarifa normalmente.

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Mesmo que os novos modelos permitam que o elevador de acesso seja usado por qualquer pessoa com dificuldade, inclusive em pé, alguns usuários não acham que seja a melhor alternativa. “Imagina como as pessoas podem se sentir constrangidas em ver que de repente não irão passar pela catraca e têm que fazer o carro parar e entrar pela porta de trás”, especula o bancário Caio Tadeu.

Nova, mas velha!

Apesar de estar nitidamente lustrosa em todos os ônibus em que foi instalada, a nova catraca, na realidade, é similar às que eram encontradas no transporte público há algumas décadas. “Parece as catracas da década de 80. Estranho que ao invés de modernizar, a solução foi colocar um modelo antigo”, opina Talita Ribas Costa, auxiliar administrativa e usuária dos novos modelos de ônibus.

Ainda assim, a passageira não nega a efetividade da estrutura para evitar quem tenta furá-la: “Ela é mais alta e ficaria difícil de alguém tentar pular. Mas também não dá pra prejudicar o passageiro que está pagando para evitar o que não paga”.

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