As mãos que deram banho com todo cuidado do mundo em Raquel Linzmeyer, quando ela ainda era apenas um bebê, foram as mesmas que abençoaram a jovem no dia mais importante da sua vida: seu casamento, celebrado em junho, em Curitiba. Apesar do sonho realizado, por muito pouco a graça não foi concebida a Raquel, isso porque a avó, Anália Linzmeyer, de 92 anos, mais conhecida como dona Anália, foi internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dias antes da celebração.
Raquel conta que seus pais se casaram quando ainda eram muito jovens e, por isso, os primeiros passos dela foram acompanhados de perto por dona Anália, a avó coruja. Além dos primeiros banhos, foi ela quem ajudou a moldar o caráter da jovem hoje, com 21 anos.
“Eu sempre falo que se hoje eu sou quem eu sou é por conta dela, por conta, muitas vezes, até das correções e de todo o amor que ela me deu”, afirma.

A proximidade entre avó e neta foi construída desde os primeiros dias de vida de Raquel. A jovem garante que, a cada conquista sua, dona Anália está presente e que, claro, no dia do seu casamento não poderia ser diferente.
“Eu nunca imaginei que tanta gente ira nos ajudar”, lembra.
Dona Anália foi internada no Hospital Vita no dia 11 de junho para realizar um tratamento de saúde. Leandro Pozzo, chefe de UTI, explica que pelo fato da avó ser uma pessoa idosa e com comorbidades a equipe médica achou melhor transferi-la para a UTI, para evitar possíveis intercorrências.
Durante o tratamento, a equipe observava que ela estava sempre triste e chorosa. Ao descobrirem que o motivo era a aproximação do casamento da neta — e o fato de não haver previsão de alta —, a equipe, preocupada, deu início a uma missão pra lá de especial.

Equipe em prontidão
Raquel conta que, no dia 13 de junho, um dia antes da cerimônia, a mãe ligou para avisar que dona Anália não poderia ir ao casamento. Ela se recorda que estava no trabalho e começou a chorar ao imaginar que avó não estaria presente neste momento tão especial.
“Liguei para o meu marido e falei: Vamos lá, pelo menos. Vamos sair do casamento e ir direto pra UTI. Eu queria ver a minha avó, eu queria que ela me visse de noiva, porque eu sei o quão importante isso seria para ela”, conta.
Nesse meio tempo, Pozzo conta que, infelizmente, por dona Anália estar com uma sonda vesical, isso a impedia de receber alta hospitalar. Porém, diante de tamanha tristeza apresentada pela paciente, a história chegou até a direção do Hospital Vita que se comoveu.
“Eu achava que ela tinha condição de comparecer ao casamento, desde que fosse com uma UTI móvel e com o médico e enfermeiro acompanhando. Ou seja, com toda a estrutura necessária para que ela conseguisse acompanhar esse casamento sem nenhuma intercorrência grave, sem botar em risco a saúde dela”, explica o médico.
Com o aval da diretoria, Pozzo conta que a tarde de sexta-feira se tornou uma grande correria. Todos estavam em prol de dona Anália.
Maquiagem e vestido
Quem soube da notícia em primeira mão que a avó poderia estar presente no casamento foi a mãe de Raquel, Adriana Carvalho. Mas, para que a missão fosse concluída com 100% de sucesso, deveria ser uma surpresa.
Pozzo se recorda que ela aceitou e durante a visita da noite de sexta, a filha de dona Anália levou ao hospital um vestido, maquiagem e material para fazer o cabelo.
“A equipe da UTI, as técnicas, as enfermeiras arrumaram a dona Anália na manhã de sábado. Bem cedinho, puseram o vestido nela, fizeram o cabelo, fizeram a maquiagem, aí veio a ambulância e a levou ao casamento”, se recorda.
Para Raquel, quando ela viu a ambulância enorme estacionando na frente do cartório foi o exato momento em que ela sentiu que o casamento estava completo.
“Pensei: Agora sim eu estou com as pessoas que me amam, as pessoas que me cuidaram até aqui, e quando eu vi aquilo… eu não tenho como explicar e como agradecer a Deus por tudo isso que ele fez”, conta.
Amor que cura
Segundo a jovem, a avó é uma pessoa emotiva que se abala facilmente ao passar por decepções e situações de estresse. As emoções afetam diretamente a saúde dela. Um tio de Raquel contou a ela que, ainda no hospital, ao ver a mala com os itens para o casamento, dona Anália abriu um sorrisão e disse: “Não acredito, eu vou?”.

Após o casamento, a idosa retornou à UTI, mas na terça, dia 17, já pôde ir para o quarto até que ganhasse alta, no dia 18. Para Raquel, a rápida recuperação da avó após o casamento pode ter tido muita influência da missão cumprida pela equipe do hospital.
“Eu tenho certeza que a atitude da equipe fez total diferença na recuperação dela. Não tenho nem o que dizer, não tenho como agradecer a todos que se mobilizaram para levar ela lá”, agradece Raquel.
Pozzo comemora a rápida recuperação da idosa e comenta que a avaliação feita pela equipe da UTI foi sobre a importância de ter um olhar mais humanizado para o paciente, para além do diagnóstico correto
“Esse olhar humanizado faz toda a diferença e foi isso que aconteceu nessa situação da dona Anália”, explica.
Manda pra Tribuna!
Você conhece pessoas que fazem coisas incríveis, viu alguma irregularidade na sua região? Quer mandar uma foto, vídeo ou fazer uma denúncia? Entre em contato com a gente pelo WhatsApp dos Caçadores de Notícias, pelo número (41) 9 9683-9504. Ah, quando falar com a gente, conte sobre essa matéria aqui! 😉



