Segurança

Após assalto com arma na cabeça, servidora denuncia violência em Unidade de Saúde e faz apelo ao prefeito de Curitiba

Depois de dois assaltos seguidos, que lhe forçaram a enfrentar um tratamento psiquiátrico, uma servidora municipal de saúde de Curitiba colocou um desabafo no Facebook e fez um apelo ao prefeito Rafael Greca, pedindo providências em relação à segurança dos trabalhadores em postos de saúde. Na postagem, a servidora Sônia Gama, que trabalha na Unidade de Saúde Moradias Belém, no bairro Boqueirão, escreveu:

“Governantes: Vivemos momentos de terror hoje!!! Só mesmo Deus pra nos livrar .Mas haverão de prestar contas nessa ou em outra vida! Talvez estejam esperando morrer um servidor”. O desabafo foi postado na noite desta sexta-feira (25). No seu relato em vídeo, ela conta que 15 dias antes um paciente do posto colocou uma arma na sua cabeça porque não havia consulta disponível com a médica dele. O homem teria dito que caso a enfermeira não conseguisse a consulta, ele a mataria.

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Sônia relata que, depois deste episódio, ficou tão abalada que precisou procurar uma psiquiatra e está vivendo os últimos dias debaixo de pesados remédios psiquiátricos. Não bastasse isso, Sônia e as colegas de trabalho passaram por novo assalto, na manhã da última sexta-feira (24).

Conforme o relato em vídeo, ela e mais duas colegas foram levadas para uma sala da unidade por um rapaz armado com uma faca. Ele ameaçou as funcionárias e levou tudo de valor que elas tinham no momento: celulares, dinheiro, alianças, relógios, etc. Na saída, trancou as funcionárias na sala, com um cadeado por fora. “A gente não tem segurança nenhuma. Estou muito indignada com isso prefeito (…) Eu quero deixar aqui o meu protesto”, disse Sônia.

Outros relatos

Este não é o primeiro relato que a Tribuna recebe sobre assaltos e ameaças contra servidores nas unidades de saúde de Curitiba. “Arma na cabeça, exigindo consulta, tapa na cara, agressões físicas, jogar coisas em cima de nós, isso acontece sempre. Gente que entra armada e ameaça matar todo mundo, leva tudo o que temos de valor. Isso tudo mexe demais com o psicológico dos funcionários. Já vi duas servidoras terem que ser afastadas do serviço porque não suportaram essa tortura psicológica”, diz uma auxiliar de enfermagem que está há 18 anos na prefeitura, mas não quer se identificar com medo de represálias. Até mesmo uma médica, que chegava para trabalhar numa unidade do Sítio Cercado, teve o carro levado em assalto, dentro do estacionamento do posto.

A funcionária ainda conta que, neste mês de agosto, já foram 20 unidades de saúde arrombadas à noite. Entre outros prejuízos, 20 compressores e bombas de água foram levados nos arrombamentos, o que prejudicou o trabalho das equipes de odontologia nestes postos e “empacou” a fila dos pacientes em tratamento odontológico.

E o sindicato?

Irene Rodrigues dos Santos, coordenadora geral do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), ficou sabendo do vídeo na manhã deste sábado (25). Ela reforça que este tipo de crime é constante e teme que a servidora que postou o vídeo sofra represálias da prefeitura, coisa que ela afirma ser constante em funcionários que reclamam a público.

“Segunda-feira estaremos em contato com a servidora para dar todo apoio que ela precisa, social e jurídico. A prefeitura faz o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) nesses casos, mas depois de 15 dias não reconhece e o ônus fica todo em cima do trabalhador”, relata Irene. Ela lembrou que desta unidade de saúde há um CMEI e as funcionárias foram assaltadas dias antes exatamente da mesma forma como Sônia e as colegas.

Guarda Municipal

Irene denuncia um erro administrativo da prefeitura, que deixa poucos funcionários nas unidades em determinados momentos do dia, principalmente depois das 17h, horário que o número de assaltos começa a aumentar. “82% dos servidores de saúde são mulheres, mas independente do gênero, a prefeitura precisa melhorar a segurança, pois eles ficam muito vulneráveis em certos horários.

As patrulhas feitas pela Guarda Municipal tinham que ser mais eficientes. A prefeitura diz que faz, mas não faz nada não”, afirmou a sindicalista, contando ainda que, no período noturno, a prefeitura se viu obrigada a contratar uma empresa privada para fazer a segurança das unidades. Nem o uso de câmeras de vigilância têm inibido os arrombamentos.

“Entendo que a Guarda Municipal tem prerrogativa de proteger patrimônio público, não o funcionário. Mas o servidor que trabalha oito horas por dia num equipamento público há 30 anos não pode ser considerado um patrimônio público também? Danos materiais podem ser repostos, mas a vida não tem reposição. Eu conheço a prefeitura, vão querer punir a servidora por causa do desabafo público. Devem transferi-la a outra unidade de saúde, vai ter que trabalhar num ambiente novo, longe de casa, talvez continue exposta ao mesmo risco. E o funcionário que colocarão no lugar dela sofrerá o mesmo perigo que ela sofreu. Será mais um funcionário com traumas”, analisa Irene.

E o que diz a Prefeitura?

A Prefeitura de Curitiba disse que tomou conhecimento do fato e está tomando providências. à reportagem, enviou a seguinte nota:

“A Prefeitura já tomou conhecimento da ocorrência. Foi registrado boletim de ocorrência pelo distrito sanitário da região. Além disso, a guarda municipal reforçou as rondas nas proximidades das unidades de saúde do bairro. Também foi solicitado o apoio da polícia militar para reforçar a segurança”.

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