Que polícia é essa?

Advogada denuncia ação violenta de PMs no Bairro Alto

A advogada Andréia Cândido Vítor, em conjunto com a Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), denunciou nesta terça-feira (27) o abuso de policiais militares durante uma perseguição a um motociclista sem capacete no Bairro Alto em Curitiba, ocorrida no último sábado (24), por volta das 19h.

De acordo com a denúncia, Andréia ao perceber a mobilização dos PMs em uma rua próxima à sua casa foi até o local e testemunhou o que afirmou ser arbitrariedade. “Vi como os policiais ingressaram em uma casa de forma muito assuntosa e muito agressiva”, relata a advogada.

No momento em que ela contestou a ação dos policiais e identificou-se como advogada, ela foi aviltada por um PM, que repetia “você não é advogada sua vagabunda”. “Você está presa, sua vadia”, anunciou policial. Segundo a vítima, a abordagem, além de ser excessiva, não foi efetuada por uma policial feminina.

Andréia foi colocada em uma viatura da PM e levada até o módulo policial do bairro, na Praça Liberdade. Lá ela, e mais 10 homens, ficaram ajoelhados enquanto eram agredidos físico e verbalmente. A violência teria sido tão grande que um dos rapazes teve seu braço quebrado e foi encaminhado ao Hospital Cajuru.

Marcas

Andréia relata que, além dos tapas na cara e dos chutes que recebeu, tinha sua condição de advogada contestada com insistência pelos policiais por ser negra. “Você não é advogada? Advogada o quê? Com essa corzinha?”, teria dito um dos PMs.

Mesmo solicitando a presença de um representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Andréia foi algema junto com outros homens e levada até a delegacia, onde permaneceria por seis horas, sem poder sentar. Segundo ela, as algemas só foram retiradas quando se sentiu mal, no entanto, antes disso acontecer um policial disse “que não caía nessa”.

Ao questionar o motivo pelo qual estava sendo detida, recebeu como resposta as acusações de desacato e tumulto, alegações negadas com veemência por Andréia, que seria encaminhada à Polícia Civil às 4h30 de domingo (25), prestando depoimento e então sendo liberada.

Revolta

Moradores da região confirmam a ação dos policiais, caracterizada como “truculenta”. “Nós estávamos em festa de família e eles invadiram a minha casa”, afirma um morador que não quis ser identificado e que aparece no vídeo divulgado pela Abracrim com diversas escoriações.

Durante a ação, uma idosa de 74 anos teria sido agredida pelos policiais e, a filha que tentou proteger a mãe, também acabou apanhando. Dentre as denúncias que mais chocou a população está o relato de uma adolescente com problemas de locomoção.

“Na hora que o policial entrou eu peguei no braço dele e disse ‘pelo amor de Deus, não faz isso’. Quando eu vi o policial meteu uma cotovelada na minha cabeça e eu caí”, conta a menina. Ao todo estariam envolvidos nos atos de agressão mais de 30 policiais, mobilizados em 10 viaturas e sete motocicletas.

Investigação

O coronel Marcos César Vinícius Kogut, chefe da Corregedoria, informou que a denúncia já foi oficializada e afirmou que será aberto um inquérito policial militar para descobrir o que aconteceu.

Os policiais envolvidos estão lotados no 3ª Companhia do 20º Batalhão e, caso as denúncias sejam comprovadas, podem até mesmo ser expulsos da corporação.

Confira o vídeo na íntegra: