Lutando pela vida

Heroína salva irmãozinho de casa em chamas na Grande Curitiba

Heroína adolescente salvou irmãozinho mas acabou com queimaduras em 65% do corpo. Foto: Reprodução/RPC TV
Heroína adolescente salvou irmãozinho mas acabou com queimaduras em 65% do corpo. Foto: Reprodução/RPC TV

Com apenas 16 anos, a adolescente Jaqueline de Andrade já carrega na pele as marcas de uma das decisões mais importantes de sua vida. Na madrugada do dia 15 de janeiro, enquanto as chamas consumiam a casa da família, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), ela não pensou duas vezes antes de voltar, atravessar os cômodos tomados pelo fogo e arrastar para fora o irmão de 4 anos – o único que ainda não havia conseguido deixar o imóvel quando o incêndio começou.

+ Fique esperto! Perdeu as últimas notícias sobre segurança, esportes, celebridades e o resumo das novelas? Clique agora e se atualize com a Tribuna do Paraná!

As queimaduras tomaram 65% do corpo da garota, internada sem previsão de alta no Hospital Evangélico, na capital. Na próxima semana, ela deve passar por cirurgia de preenchimento de pele na região das costas, a mais afetada pelos ferimentos.

As lembranças do incêndio ainda estão vivas na cabeça de Dinair Andrade, a mãe de Jaqueline e outros quatro filhos menores. Ela lembra que passava das 2h da madrugada quando o marido, Jair Andrade, acordou com um barulho vindo da porta da cozinha e levantou para ver se não era Jaqueline tentando sair de casa em mais uma de suas crises de sonambulismo. Voltou aos gritos.

“Ele veio gritando fogo, fogo, e já não conseguia mais nem chegar lá porque as chamas estavam lambendo a cozinha”, conta Dinair. No impulso, a mãe tomou no colo a criança menor, de apenas dois anos, e pulou a janela do quarto em que dormia com o marido e outros três filhos. No outro quarto, onde estava Jaqueline e o irmão de 14 anos, o fogo também chegou rápido. Os dois conseguiram sair às pressas, mas o desespero tomou conta quando descobriram que Gabriel, de 4 anos, ainda estava na casa.

Assim que percebeu a ausência, Jair seguiu correndo em direção à casa, mas foi barrado pela própria Jaqueline. “Ela que não deixou o pai entrar e entrou no lugar dele. Aí foi lá dentro, largou para gente o irmão e quando foi tentar sair pela janela não conseguia pular por causa da saia, que era muito justa. Então saiu em direção à cozinha, mas não tinha mais como sair e isso só acabou queimando a frente do corpo dela”, detalha a mãe. “Aí a Jaque voltou para tentar pular de novo a janela e o fogo queimou toda a parte de trás. Depois disso, a única coisa que lembro é dos gritos que ela dava. Um grito desesperado. Vi quando ela caiu da janela e depois disso eu desmaiei”, completa a mãe.

Jaqueline foi socorrida em estado grave e levada ao Hospital Evangélico de Curitiba. O pai, que teve um ferimento na cabeça por causa dos vidros que se estilhaçaram com o calor do fogo, também ficou internado no hospital, mas teve alta quinta-feira (24).

Sem casa

O Corpo de Bombeiros chegou cerca de 20 minutos após o incêndio, mas não conseguiu impedir que as chamas consumissem a casa onde a família morava, de favor e que já estava sem parte do telhado por causa da queda de uma árvore semanas antes.

Ainda não se sabe o que deu início ao fogo. No entanto a família acha improvável que tenha sido um curto-circuito, já que , por falta de pagamento, a residência estava sem energia elétrica há três meses. “A gente até usava vela à noite. Mas naquela noite, que tinha chovido muito, a gente estava só com um toco de vela que o meu marido apagou e guardou no bolso pra usar de madrugada e fazer a mamadeira das crianças”, revela Dinair.

Audiência pode gerar reviravolta no julgamento do caso Renata Muggiati

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna