O projetista mecânico Gregor Smal foi inocentado pela Polícia Federal da acusação de apologia ao nazismo. Em 2013, a Polícia Militar entrou na casa dele e recolheu várias armas, objetos militares e condecorações de várias nações, entre eles, do exército alemão, da época da 2ª Guerra Mundial, o que fez a polícia pensar que ele fosse um neonazista. Mas Gregor conseguiu provar à Justiça Federal que, na verdade, ele é um militarista, ou seja, colecionador de objetos militares.

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Gregor mostrou à Tribuna parte de sua coleção de condecorações militares. Entre mais de 60 medalhas que possui em seu acervo, por algumas ele tem carinho especial, como as medalhas da Força Expedicionária Brasileira, dadas aos pracinhas que foram para a Itália entre 1944 e 1945. Entre elas estão medalhas russas e americanas da 2ª Guerra Mundial.

Alemanha

Entre as várias nacionalidades do acervo, Gregor também possuía objetos do antigo exército alemão, com a suástica do regime nazista. O projetista foi enfático em dizer que odeia Hitler e que os objetos que tinha eram apenas de coleção, por seu valor histórico. “Mas na época, o delegado juntou todos os objetos alemães que possuíam a suástica e, quem olha a foto montada, realmente pensa que o Gregor é um neonazista, o que não é verdade”, defendeu o advogado do projetista, Jefferson de Oliveira Júnior.

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Entre os objetos mostrados na foto, na época, havia armas de uso civil (que, segundo o advogado, a perícia constatou serem inoperantes), um projétil anticarro 37 milímetros, uma peça de morteiro 81 mm e uma bandeira de batalha nazista. A bandeira, explicou Gregor, ele conseguiu de familiares de pracinhas brasileiros que foram à guerra. “Quando uma nação conquistava o espaço de outra, era um troféu levar a bandeira da nação conquistada para casa”, explicou o colecionador.

Explosão

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Ele também explicou que a peça de morteiro não possuía nenhum poder de fogo, pois estava vazio, servia como adorno em uma estante em sua casa. “Mas a PM levou, encheu de explosivo plástico ao redor e explodiu. Com base nisso, disseram que ainda tinha poder explosivo. Só que o que eles fizeram não foi desativar ou detonar o que tivesse de explosivo dentro. Eles explodiram o artefato, sem fazer qualquer perícia para saber se o que tinha dentro era pólvora mesmo”, analisou Jefferson.

Prisão inviabilizou registro

Gregor Smal estava tentando conseguir registro como colecionador militarista, algo que, normalmente já é difícil conseguir. Mas, por causa da prisão, o sonho tornou-se impossível, já que uma das exigências é não ter antecedentes criminais. Apesar de ter sido inocentado do crime de apologia ao nazismo, ele não conseguiu se livrar do processo por posse de armas e explosivos de uso restrito. Por este crime, Gregor foi preso, respondeu a processo e foi condenado. Mas, diz Jefferson Oliveira Júnior, advogado de Gregor, a juíza errou no cálculo da pena e ele recorreu ao Tribunal de Justiça. Os desembargadores perceberam o erro de cálculo e reformaram a pena de sete anos e meio para apenas três, que acabou convertida em multa, mais prestação de serviços comunitários a uma escola.

Logo depois da prisão, alguns dos objetos foram devolvidos pela polícia, como o capacete do Batalhão da Guarda Presidencial, medalhas de outros exércitos que não o alemão, entre outros. “O capacete, por exemplo, pertenceu a meu pai, que serviu por dois ou três anos no batalhão de guarda na época de Jânio Quadros”, explicou.

As armas de coleção, Gregor nunca mais verá, pois serão destruídas. Já as medalhas alemãs, que são raras e representam um investimento significativo, um binóculo e o computador que foi recolhido da casa dele, está difícil conseguir de volta. &l,dquo;Sou projetista mecânico há 15 anos e lá no computador eu tinha todos os meus projetos arquivados. Perdi toda a minha vida profissional ali”, disse.