Exercícios na pandemia

Academias de Curitiba têm volta lenta de alunos mesmo com ações preventivas da covid-19

Maioria das academias reabriram na última segunda-feria (1) | Foto: Divulgação

A maioria das academias de Curitiba voltou a funcionar durante a pandemia do coronavírus na última segunda-feira (1), após decisão do Tribunal de Justiça do Paraná, que avaliou não haver empecilhos para a reabertura. Porém, o retorno dos alunos ainda é lento como relatam donos dos centros esportivos de diferentes modalidades.

“Quando falam em reabertura das academias, as pessoas imaginam os salões lotados, bombando de gente. Mas isso não acontece. A realidade é que elas estão operando com 15%, 20% do seu público. Também tivemos tempo para nos prepararmos e estamos tomando medidas mais rigorosas do que muitos setores comerciais”, avalia Fernando Amaral, presidente de Associação dos Centros de Atividades Físicas do Paraná (Acaf).

A prefeitura de Curitiba criou um protocolo de prevenção do coronavírus, que deve ser seguido por diversos setores, como o comércio e serviços. Entre as regra, ficam proibidos utilização de vestiários, bebedouros, além de haver a limitação na capacidade de pessoas dentro do estabelecimento, com no máximo uma pessoa a cada 9m². Também é obrigatório o uso de máscaras para todos, inclusive durante as atividades físicas, no caso das academias, e proibição de entrada de alunos dos grupos de risco, como idosos.

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Entretanto, além das regras estipuladas pelo município, a associação das academias afirma ter adotado um protocolo próprio entre seus associados. “O protocolo da Acaf é ainda mais rígido, baseado em outros países”, explica Amaral.

O presidente da Acaf é também dono da Academia de Natação Amaral e lembra das dificuldades do setor no período em que os centros esportivos tiveram de ficar fechados por causa da pandemia. “Ficamos 72 dias fechados e para as empresas aguentarem isso é muito difícil. Muitos pensam que as academias são formadas por grandes redes, mas a realidade é que 98% são micro e pequenas empresas. Em Curitiba já fecharam várias academias”, lamenta Amaral.

“No caso da minha escolha de natação, fazemos uma triagem com cada aluno, medimos a temperatura e proibimos os banhos. A água da piscina é tratada com residual de cloro, PH controlado, e não é um meio de contágio”, complementa o presidente da Acaf.

Pulverização sanitária

Uma das medidas adotadas pela academia Corpus, que possui duas unidades em Curitiba, foi a dedetização sanitária uma vez por dia em todo o estabelecimento. “Estamos testando esse sistema. Ou pela manhã ou no final das atividades, contratamos uma empresa que faz a pulverização sanitária em toda a academia”, explica Ander Lorenzatto, sócio-proprietário da Corpus.

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A academia também contratou médicos infectologistas para fazer a triagem dos alunos que estão voltando às atividades. A entrada por reconhecimento de digital está proibida pela prefeitura, por isso, é feito um controle interno com senhas. 

Academia Corpus contratou médico para fazer triagem de alunos

“Estamos nos adaptando, mas já sabíamos que o retorno dos alunos seria de forma acanhada. O fluxo está aumentando durante os dias. Mas tivemos uma compreensão grande da maioria durante o fechamento, com baixo cancelamento. Porque na realidade os alunos sentem prazer em se exercitar. É uma questão de saúde”, analisa Lorenzatto.

Cada um no seu quadrado

Para as academias de luta, alguns protocolos específicos foram criados. Entre eles, a orientação de se evitar contato físico durante no treino. Por isso, os tatames possuem uma marcação de distanciamento, em que cada aluno treina sozinho apenas no espaço reservado.

“Está sendo dado mais ênfase na parte do condicionamento mais físico. O bebedouro também não pode ser utilizado, não pode tomar banho na academia. E a resenha, o bate-papo após a aula acabou. Quando acaba o treino, todos vão embora”, explica Rudimar Fedrigo, CEO da Chute Boxe. 

Academias de luta usam marcação no tatame para manter distanciamento dos alunos | Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Agora, o controle é feito por agendamento. O aluno precisa marcar o horário da aula, que teve o tempo diminuído de uma hora para 45 minutos. “Estamos trabalhando com 40% dos nossos alunos. Muitos ainda não voltaram. Estamos disponibilizando aulas online também”, complementa Fedrigo.

A Gracie Barra Curitiba também adotou o modelo de aulas transmitidas. As aulas presenciais são passadas por uma plataforma online. Assim, quem convive com pessoas com grupo de risco e tem receio de voltar aos treinos, pode acompanhar a atividade ao vivo da sua casa.

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“Nossos protocolos têm dado certo. Fiquei muito feliz de poder ver os alunos retornando às atividades. Cada aluno fica no seu quadrado. A gente demarcou uma área e os alunos não pisam no território. Mesmo se pisarem, a gente já higienizado. Os pés dos alunos também são higienizados. Tem a questão de todos trabalharem com máscara, que é claro que é ruim, mas faz parte do processo”, garante o sócio-proprietário da academia, Rodrigo Fajardo.


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