Cúpula causa grande confusão e congestionamentos

O esquema montado para receber as delegações da Liga Árabe que participam da Reunião de Cúpula América do Sul-Países Árabes provocou hoje, em Brasília, caos no trânsito e engarrafamentos inéditos. Além do fechamento das principais vias de acesso ao centro administrativo, onde funcionam as sedes dos Três Poderes, pontes foram bloqueadas, repentinamente, e semáforos pararam de funcionar.

Em meio a tudo isso, não havia soldados ou guardas de trânsito orientados a dar informações aos motoristas, embora Exército e Polícia Militar (PM) tenham colocado 9 mil homens para patrulhar as ruas do Plano Piloto, por onde as autoridades do mundo árabe e dos países da América do Sul circulariam.

Com a chegada, no fim da manhã, de algumas delegações que eram aguardadas logo cedo, o bairro do Lago Sul ficou ilhado. As três pontes que ligam a área habitacional mais nobre da cidade, onde residem ministros de Estado e embaixadores de vários países, foram bloqueadas por mais de uma hora, impedindo que os moradores deixassem o bairro em qualquer direção.

Sem saída e sem informação sobre o tempo que duraria o bloqueio, centenas de motoristas presos no engarrafamento da Ponte Juscelino Kubitschek tentavam escapar da grande confusão, atravessando canteiros e trafegando na contramão, pelo acostamento. A beleza da Ponte dos Arcos, que enfeita o mais novo cartão postal da capital federal, transformou-se em via de infrações coletivas.

Nem assim apareceu uma patrulha do Departamento de Trânsito para organizar a desordem.

Desinformados, os motoristas que fugiam do acúmulo de veículos de uma ponte fechada dirigiam-se a outra e, só depois de rodarem quilômetros, descobriam que a alternativa também estava impedida. Sem opção de travessia, o jeito para os motoristas foi dar a volta em torno do Lago Paranoá, enfrentando movimento de veículos lento e pesado do caminho de acesso ao Aeroporto Internacional, que também passou um período interditada pela segurança.

Em dias normais, o trajeto de quem sai do Lago Sul em direção ao centro administrativo de Brasília é encurtado pelas pontes e consome 15 minutos de viagem. Hoje, porém, o motorista Francinaldo Silva, que transportava a patroa Antônia Segobia de sua casa ao Setor Comercial Norte, demorou 1 hora e 50 minutos para chegar ao destino.

Apesar de a capital federal ser setorizada e de o evento das cúpulas dos países árabes e sul-americanos ocorrer na zona central, nem mesmo as áreas mais afastadas escaparam do tumulto na circulação de veículos. Foi assim no Setor de Indústrias Gráficas, por exemplo, onde nem os sinais funcionavam, obrigando o brasiliense a enfrentar um tráfego caótico no horário do almoço.

O tumulto que se viu hoje, com tantos soldados armados, carros blindados e trincheiras com arame farpado, superou até mesmo aquela que paralisou a cidade em 25 de abril de 1984, quando a Câmara votou a emenda das eleições diretas para presidente da República. Por causa desta votação, o governo militar declarou estado de emergência e a afluência de veículos na Esplanada dos Ministérios foi bloqueada pelo general Newton Cruz e a patrulha montada.

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