O presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos, Valdomiro Ferreira Júnior, reclamou do desequilíbrio da cadeia produtiva, durante seminário da Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento ? que foi suspenso há pouco e deve recomeçar às 14 horas, também no auditório Nereu Ramos.

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Ferreira Júnior observou que, enquanto o produtor vende o animal vivo a R$ 1 o quilo, o consumidor paga R$ 10 pela carne processada. O criador apontou a responsabilidade do governo na crise da suinocultura, por causa da guerra tributária entre os estados e da sobrevalorização do câmbio, que inibiu as exportações.

O produtor ainda lamentou o preço "vergonhoso" da carne de porco no mercado externo. Ele sugeriu a introdução da suinocultura no mercado futuro para obter hedge contra as oscilações da cotação do dólar. "O mercado externo é decisivo para o interno", definiu.

Aumento do consumo

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O deputado Francisco Turra (PP-RS), que coordenou o painel, enfatizou a importância do mercado interno, já que o consumidor brasileiro ainda consome pouca carne suína – quase 11 quilos per capita ao ano. Ele cobrou ações do governo para difundir melhor o produto. "O governo gasta muito com publicidade para divulgar nada. Ele poderia informar as vantagens da carne de porco", defendeu.

O presidente da OD Consulting, Osler Desouzart, observou que, com o aumento do consumo interno, o comércio poderia reduzir a margem de lucro e diminuir o preço para o consumidor. Apesar de reconhecer que o mercado externo não é a única saída para a suinocultura, o consultor enfatizou que as exportações ajudam a melhorar a qualidade e criam opções para aumento de consumo do mercado interno. Para alcançar o padrão do mercado mundial, enfatizou, o Brasil deveria aumentar em 25 quilos o consumo anual per capita.

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Crescimento sustentado

O gerente-geral do Instituto de Estudos de Comércio e Negociações (Ícone Brasil), André Nassar, destacou que o consumo de carne de porco no Brasil vem crescendo de forma sustentável, na faixa de 2,9% ao ano. Mesmo assim, observou A evolução das importações mundiais é de 6,7% ao ano.

O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, pediu que o governo brasileiro obrigue a Rússia a cumprir os compromissos assumidos em acordos comerciais no ano passado. "A suspensão do comércio de carne não obedece aos acordos. O que ocorre não foi o combinado", queixou-se.