CPIs não vão utilizar estudos preparados por PT e PSDB

Brasília ? Os relatores das Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMI) dos Correios e da Compra de Votos preferiram não utilizar os estudos realizados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Os levantamentos relacionam as informações dos repasses de dinheiro do empresário Marcos Valério de Souza com as votações na Câmara dos Deputados.

"Estamos confrontando os dois estudos para ver se há alguma semelhança nos gráficos. Mas essa não é uma prova fundamental", disse o relator da CPMI da Compra de Votos, Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). Segundo o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), que divulgou o levantamento, os dados mostram que todos que estão envolvidos no esquema de pagamento de mesadas "têm um alto índice de fidelidade às matérias de interesse do governo".

Já o estudo do PT conclui que os recursos de Marcos Valério foram utilizados para o pagamento de despesas de campanhas eleitorais e que não há relação dos repasses com as votações na Câmara dos Deputados. "Quem faz essa vinculação trabalha com deduções", diz o deputado Odair Cunha (PT-MG), que divulgou o estudo.

O deputado Júlio Delgado disse que analisou os estudos do PSDB e do PT, mas preferiu não utilizá-los no parecer contra Dirceu. "Existe um encaminhamento de defesa de governo e um encaminhamento vinculado à oposição nos estudos. Por isso não os utilizei", afirmou Delgado. O presidente da CPMI da Compra de Votos, senador Amir Lando (PMDB-RO), disse que também já analisou os levantamentos, que, para ele, são "meramente dedutivos". "É preciso se debruçar em cima da documentação existente para aí sim apurar a verdade. Fora daí é imaginação, é um argumento lógico, não mais do que isso", declarou.

O relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), ressaltou que não utilizou os estudos porque a investigação sobre o "mensalão" ficou restrita à CPMI da Compra de Votos. "Não utilizei e nem sequer estão inseridos dentro do caderno de documentos que apresentamos", disse Serraglio. O deputado Robson Tuma (PFL-SP), relator da Comissão de Sindicância da Câmara, afirmou que também não utilizou os levantamentos para a realização do seu parecer sobre o "mensalão".

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