CPI quer saber como presos pagam advogados

Relator da CPI do Tráfico de Armas, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), se surpreendeu quando o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Camacho, o Marcola, contou, no depoimento prestado à comissão no mês passado, que o dinheiro de seus assaltos financiava o pagamento de advogados. É justamente para evitar que o dinheiro ilícito do crime organizado financie advogados que o relator pretende propor mudanças na legislação, exigindo a comprovação da fonte de recursos dos honorários pagos pelos presos

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o relator antecipou alguns pontos do seu relatório, que será apresentado no fim de agosto, e informou que encomendou estudo para verificar como outros países tratam o tema e punem presos e advogados que recebem dinheiro de fonte ilícita. O estudo vai servir de base para as recomendações que o deputado quer incluir no relatório

"A origem ilícita dos honorários dos advogados é um tema do qual a sociedade brasileira nunca refletiu a respeito. Como pode um cara como o Marcola, que está preso há sete anos e é de família humilde, ter quase 20 advogados? Como ele paga?", disse o relator

Pimenta esperava que, no depoimento à CPI, Marcola desse a resposta mais comum, a de que a família bancava os advogados. "Ele me respondeu: ‘Doutor, o senhor não sabe os crimes que eu cometi? O senhor não conhece os assaltos de que eu participei.’ Eu perguntei: Como assim, você pagava os advogados com o dinheiro dos assaltos? ‘Exatamente, tenho dinheiro para pagar todos os advogados que eu precisar’.

O relator vai propor também a exigência da revista com detectores de metais de todas as pessoas que entrarem nos presídios, inclusive advogados. "Temos de ter um sistema que garanta que nenhuma pessoa entrará no presídio sem ser revistada. O advogado também terá que ser revistado", afirmou. Para ele, não há como ignorar que a falta de detectores e a ação corporativa contra a revista têm colaborado para que uma minoria de advogados use de suas prerrogativas para entrar com celulares nos presídios

Voltar ao topo