CPI quer prisão para dono do Banco Araucária

O depoimento evasivo prestado à CPI do Banestado pelo empresário Alberto Dalcanale Neto, ex-presidente do Banco Araucária, do Paraná, levou os senadores Magno Malta (PL-ES) e Ideli Salvatti (PT-SC) e o deputado Eduardo Valverde (PT-RO) a pedir sua prisão em flagrante. O presidente da comissão, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), negou a solicitação, com base em jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, mas recomendou ao Ministério Público a prisão preventiva do empresário.

A audiência pública com o empresário terminou na madrugada desta quarta-feira (20) e deixou insatisfeitos os senadores e deputados da CPI pelas negativas de Dalcanale de envolvimento com doleiros e ?laranjas? utilizados para dificultar a investigação dos remetentes do dinheiro para o exterior. Mesmo confrontado com gravações de duas conversas telefônicas com personagens envolvidos em lavagem de dinheiro, Dalcanale dizia não se lembrar ou não saber quem eram seus interlocutores.

– O senhor diz que não sabe quem é Paco. É incrível o senhor não conhecer ou não lembrar de uma pessoa a quem fez oito ligações telefônicas, em menos de duas horas, no dia 22 de dezembro de 1997 – disse Ideli Salvatti, que atuou como relatora da reunião, exibindo extrato da conta telefônica do Banco Araucária.

– Isso já faz muito tempo. Não me lembro – respondeu o empresário.

As conversas telefônicas gravadas mostram ligações entre o Banco Araucária e o doleiro Dario Meser, do Rio de Janeiro, responsável pelas remessas ao exterior dos recursos dos fiscais da Receita do Rio de Janeiro, do chamado esquema de Silveirinha. Dalcanale negou que o conhecesse ou tivesse feito operações com ele.

Integrantes da CPI chamaram a atenção para o fato de o Banco Araucária, com apenas uma agência em Curitiba e outra em Foz do Iguaçu, haver movimentado mais de R$ 5 bilhões através de contas CC-5 no Banestado no período 1996/99. O depoente garantiu que os recursos provinham de comerciantes de Ciudad del Este, do Paraguai, e negou que tivessem origem em doleiros do Rio e São Paulo.

Voltar ao topo