CPI dos Correios descobre mais dois depósitos de Valério para procurador

Brasília (AE) – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios descobriu mais dois depósitos das empresas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para as contas bancárias do procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes, afastado do cargo por suspeita de envolvimento com o esquema. Até agora, os técnicos identificaram cinco diferentes transferências em favor da família Guedes, que totalizam R$ 2,5 milhões.

O procurador fazia parte do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro, o "Conselhinho", que analisa processos contra instituições bancárias e dirigentes. Há suspeitas de que Valério, que atuava como uma espécie de lobbista do Banco Rural, tenha pago Guedes para obter informações privilegiadas e defender a instituição mineira dos processos abertos pelo Banco Central (BC).

Os pagamentos foram feitos por uma das empresas da qual Valério é sócio, a Tolentino & Melo Assessoria Empresarial. A primeira transferência feita para a conta da família Guedes no BankBoston ocorreu em 24 de outubro de 2003, no valor de R$ 120 mil em dinheiro.

Em dezembro, foram feitos mais dois depósitos de R$ 782 mil cada, um dos quais identificado agora. Hoje, a CPI encontrou um depósito de R$ 367 mil em 12 de fevereiro de 2004. A lista é completa por R$ 500 mil transferidos em maio para a mesma conta, da qual Guedes é co-titular, junto com a mãe, Sami, e o pai, o advogado Ramon Guedes.

Esta não é a primeira vez que a família é envolvida em escândalos de corrupção. O escritório de advocacia de Ramon Guedes foi acusado em 2002 de participar de um esquema de aposentadoria ilegal de servidores no Rio, e a irmã de Glênio Guedes, Samira, foi presa quando tentava sacar 490 reais de um benefício fraudulento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Uma sindicância aberta pelo Ministério da Fazenda apura se o procurador favoreceu mesmo o Banco Rural nos processos internos. O banqueiro José Augusto Dumont, ex-vice-presidente do Rural, que morreu em 2004, era amigo de Valério e, em processos analisados pelo "Conselhinho", teve penalidades abrandadas e suspensas.

Além dos depósitos bancários, atribuídos pelo sócio Rogério Toletino a serviços de assessoria que teriam sido prestados por Ramon Guedes, o procurador recebia outros tipos de favor de Valério. A secretária Fernanda Karina Somaggio, por exemplo, revelou que várias passagens e despesas pessoais do procurador eram pagas por Valério.

No primeiro depoimento à CPI, o empresário mineiro disse que os pagamentos eram reembolsados por Glênio Guedes e que a relação de amizade entre os dois nascera do gosto em comum pela equitação.

Essa explicação tem sido recorrentemente usada por Valério para tentar se safar das acusações. No caso do "mensalão", ele também alega que, desinteressadamente, atendeu a um pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para que contraísse empréstimos bancários em socorro do partido.

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