CPI do Tráfico de Armas faz hoje acareação entre acusados

Os dois advogados acusados de terem comprado cópia da gravação de uma sessão secreta da CPI do Tráfico de Armas vão ficar hoje frente a frente com Arthur Vinícius Pilastre Silva, ex-funcionário de uma empresa que presta serviço de sonorização à Câmara. Arthur Silva confessou ter vendido – por R$ 200,00 – aos advogados Maria Cristina Rachado e Sérgio Weslei da Cunha dois CDs contendo o depoimento do diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Godofredo Bittencourt Filho, e do delegado Ruy Ferraz Fontes. A sessão ocorreu no dia 10 e o vazamento da informação foi fundamental, na avaliação do Deic, para deflagrar a onda de ataques do crime organizado em São Paulo, dois dias depois

Os advogados, em depoimento prestado anteontem à comissão, acusaram Silva de estar mentindo. Eles negam ter oferecido dinheiro e feito o pagamento pela cópia, como sustenta Silva. Os advogados passaram também por uma acareação entre eles, marcada por contradições e desentendimentos. Para a CPI, na acareação de hoje ficará claro quem pagou os R$ 200,00 ao ex-funcionário

De acordo com Silva, Maria Cristina lhe entregou o dinheiro, quatro cédulas de R$ 50,00, e acertou uma troca de e-mails, em que seria definido um outro pagamento. A mensagem eletrônica deveria ser em código para não comprometer os advogados, segundo versão do ex-funcionário. Silva contou no seu depoimento que foi abordado pelos dois advogados, que lhe ofereceram dinheiro em troca de cópia da fita

No depoimento à CPI, Cunha negou as afirmações do ex-funcionário e disse que entendeu que a cópia era autorizada, já que o técnico de operação de som foi copiar a gravação. "Não ofereci dinheiro, não corrompi ninguém", afirmou o advogado

A advogada sustentou que foi enganada por Cunha e induzida a erro ao pegar cópia da gravação. "Eu disse que aquilo era roubada. O senhor (Cunha)me convenceu de que (a cópia) tinha sido autorizada", afirmou Maria Cristina. "É mentira. Pelo amor de Deus, a senhora não é ingênua. A senhora foi de livre e espontânea vontade", respondeu Cunha, durante acareação

A CPI ainda não obteve resposta ao pedido de prisão preventiva dos dois advogados, encaminhado à Justiça Federal na semana passada. O pedido de prisão, por corrupção ativa e formação de quadrilha, está na 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília

O ex-funcionário está sob proteção da Polícia Federal. Silva também deverá responder a processo por corrupção passiva e violação de sigilo profissional no Departamento de Polícia Legislativa da Câmara.

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